Os pesquisadores ressaltam que os sem-terra depredaram pelo menos uma lavoura experimental, de trigo, na área de Vacaria. E temem que em Eldorado do Sul sejam destruídos experimentos veterinários que levaram décadas para se concretizar. ZH falou com cinco experientes pesquisadores ligados ao Instituto Desiderio Finamor, vinculado à fundação. Todos se mostram horrorizados.
? Não há como garantir segurança nas pesquisas com invasores em volta. No passado, já ocorreram invasões por sem-terra e já tivemos gado de pesquisa aniquilado ? diz um veterinário.
A presidente do Sindicato dos Veterinários do Estado, Maria Angélica Zolin ? que atuava até um mês atrás no Instituto Desiderio Finamor ? diz que o conceito de biossegurança perde efeito diante da invasão daquela área.
? Os animais ali são inoculados com vírus e têm carrapatos para experiência. Como vai garantir que anos de pesquisa não fiquem comprometidos com a presença de estranhos ali?
Laboratório de Eldorado é de última geração
Diretor-presidente da Fepagro durante o governo Yeda Crusius, o agrônomo Benami Bacaltchuk diz que a instituição é referencial em pesquisa no Brasil, com um laboratório de última geração em Eldorado do Sul e com carência crônica de funcionários. O especialista diz que as parcerias com plantadores privados viabilizam funcionários e verba para custeio de pesquisas, já que, de 183 concursados no final do ano passado pela Fepagro, apenas 30 foram chamados.
? É uma temeridade cogitar a entrega dessas áreas para reforma agrária. Por que fazer isso logo onde se pesquisa melhoria para todos os agricultores? ? questiona Benami.
O atual diretor-presidente da Fepagro, Danilo Rheinheimer dos Santos, não se manifestou sobre as invasões.