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Seminário discute relação entre crescimento agrícola e pobreza

Metade do indigentes da América Latina vive em áreas ruraisA evolução do setor agrário da América Latina e Caribe nos últimos anos mostra crescimento contínuo na maioria dos países, basicamente associado aos processos de modernização. No entanto, apenas em alguns países, como Brasil, Chile, Peru e Nicarágua, verificou-se uma redução da pobreza rural, ainda que em menor proporção que o crescimento agrícola.

Em termos gerais, a metade dos indigentes da América Latina, cerca de 34 milhões de pessoas, vive em áreas rurais. E são nessas áreas que, em quase todos os países da região, a indigência afeta uma maior proporção de pessoas.

A aparente contradição entre crescimento do setor agropecuário e a redução da pobreza rural é um tema central para o desenho de políticas públicas para a região.

? Os governos da região constataram que o crescimento agrícola não traz benefícios automáticos para os habitantes mais pobres das áreas rurais e estão implementando ou reforçando estratégias que conciliam políticas sociais e de desenvolvimento produtivo para enfrentar esse problema  0510 observou o Representante Regional da FAO para América Latina e Caribe, José Graziano da Silva.

? É importante reforçar as instituições ligadas à agricultura e as políticas para criar um círculo virtuoso de crescimento do setor e aumento da renda da população rural pobre ? acrescentou Graziano.

Com o objetivo de colocar à disposição dos governos recomendações para o desenho de políticas públicas agrícolas, o Escritório Regional da FAO promove, em conjunto com a Cepal, PNUD e o centro de pesquisa sobre desenvolvimento rural Rimisp, o projeto de pesquisa Boom agrícola e a persistência da pobreza rural.

A pesquisa já resultou numa série de estudos técnicos preparados por consultores independentes sobre oito países da América Latina: Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Guatemala, Nicarágua, México e Peru. Esses estudos foram pauta de reunião realizada nesta semana no Escritório Regional da FAO, em Santiago, Chile, que discutiu formas de identificar as relações entre o crescimento agrícola e redução da pobreza para poder apoiar os governos na implementação de políticas de desenvolvimento específicas para as áreas rurais.

Redução da pobreza rural depende de renda não agrícola

Um dos aspectos que se observa nos estudos é que a redução da pobreza rural está relacionada com o crescimento da renda não agrícola (turismo, prestação de serviços, etc.) e não com o crescimento econômico do setor. Entre a década de 90 e a atual, a participação do setor não agrícola na renda das famílias rurais subiu, em media, de 40% a 70%.

Os estudos também indicam que alguns dos obstáculos para a redução da pobreza rural são a informalidade e os baixos salários, particularmente, no caso das mulheres bóias-frias.

Revista Boom Agrícola e Persistência da Pobreza Rural na América Latina e Caribe

Durante o seminário foi lançada oficialmente a edição da Revista Espanhola de Estudos Agrosociais e Pesqueiros dedicada ao tema Boom agrícola e persistência da pobreza Rural na América Latina e Caribe. A revista já está disponível na internet (em espanhol) e conta inclui artigos de especialistas em desenvolvimento rural da FAO, Cepal e Rimisp.
 

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