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Simulação computacional indica melhor época para plantar arroz

Novembro será o melhor mês para o plantio, pois haverá menor risco de a lavoura ter veranicos na fase mais crítica, o florescimento

Fonte: Divulgação/Pixabay

Os agricultores de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Rondônia que forem cultivar o arroz de terras altas (de sequeiro) na safra de verão devem ficar atentos à época de semeadura. Novembro será o melhor mês para o plantio, pois haverá menor risco de a lavoura ter veranicos na fase mais crítica, o florescimento. Já as semeaduras que ocorrerem após novembro estarão sujeitas a pior distribuição de chuvas, o que pode levar à redução na produtividade.

Essas conclusões foram obtidas por meio de modelos de simulação, programa de computador que permite analisar de forma dinâmica a série histórica de dados diários climáticos (precipitação, temperatura e radiação solar), características de solos e da cultivar e prever possíveis cenários. A interação dessas variáveis permite avaliar os riscos climáticos, distribuição das chuvas, solo, crescimento e desenvolvimento de plantas, perdas de água para a atmosfera e demanda da lavoura por irrigação.

Com isso, é possível identificar e avaliar pontos fortes e fracos de forma relacional sobre a produção diante de diferentes cenários e indicar ações preventivas. Como exemplo, pode-se citar uma antecipação de plantio, a escolha de uma cultivar de ciclo mais precoce, semeadura em plantio direto, indicação da quantidade de água estimada para irrigação sem dano à produtividade da cultura e sem desperdício de recursos hídricos, entre outros.

A simulação computacional tem sido aplicada pelo pesquisador Alexandre Bryan Heinemann, da Embrapa Arroz e Feijão (GO), especialista em ecofisiologia de lavouras. A ferramenta, segundo ele, permite a realização de análises com muitas variáveis permitindo a visualização de cenários futuros próximos à realidade e assim orientar produtores a respeito das melhores épocas de plantio. No caso da análise do arroz para terras altas nos quatro estados estudados, a simulação evidenciou que plantar após novembro poderá não ser um bom negócio.

– Nesse período, a probabilidade de o período de estiagem coincidir com a fase reprodutiva da lavoura é maior, o que resultará em redução da produtividade – explica Heinemann frisando que o estudo levou em consideração o ciclo médio das lavouras de arroz de terras altas de 110 dias.

Modelo adaptado ao Brasil

Para simular a safra de verão da rizicultura de terras altas nos estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Rondônia, o pesquisador utilizou o modelo de simulação do arroz Oryza 2000, desenvolvido pelo Instituto Internacional de Pesquisa de Arroz (IRRI), Filipinas, e referendado pela comunidade científica mundial. No Brasil, o Oryza 2000 foi calibrado com dados sobre o manejo de lavouras e o crescimento de variedades desenvolvidas pela Embrapa. Esse modelo de simulação foi também abastecido com informações meteorológicas regionais coletadas por mais de 30 anos em 51 estações climáticas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Além disso, foram levadas em conta as características de armazenamento de água por sete tipos de solo mais representativos da região de produção do arroz de terras altas e oito datas de semeaduras. O trabalho evidenciou a importância do componente solo nos sistemas de produção. Entre as variáveis mais relevantes estão as características da estrutura do solo relacionadas à retenção de água, os chamados atributos físico-hídricos.

– Esses atributos implicam variação da capacidade de armazenamento da água e aproveitamento da precipitação pluvial, refletindo em necessidades diferentes de irrigação – afirmou Alexandre Bryan.

– Durante a estação chuvosa, é comum nesses estados a ocorrência de estiagens. Essa condição, aliada às altas temperaturas e às características de retenção de água do solo, eleva a perda de água pela planta para a atmosfera, ocasionando a deficiência hídrica – informa Heinemann.

O pesquisador frisa que a simulação fornece uma estimativa climática, o que não significa que todas as localidades dos estados abrangidos pelo estudo tenham aptidão agrícola para o cultivo do cereal. Há situações como as relacionadas ao relevo, por exemplo, que podem indicar um melhor uso das áreas para outras atividades rurais.

Previsão do tempo

O pesquisador Alexandre Heinemann aconselha ainda que o produtor se municie com dados cotidianos de previsão do tempo que lhe informará sobre possíveis ocorrências de chuvas e outras que auxiliarão nas decisões a curto prazo.

– São esses serviços meteorológicos que alertarão, por exemplo, sobre a ocorrência de granizo no dia escolhido pelo agricultor para fazer a semeadura – ilustra o especialista que indica o sistema Agritempo da Embrapa, com informações gratuitas em boletins, previsões e mapas meteorológicos. O trabalho com o modelo de simulação para o cultivo do arroz de terras altas buscou abranger os principais estados onde o produto se faz presente. O pesquisador informa que essa ferramenta tecnológica encontra-se em evolução e ele está trabalhando agora na integração dos modelos de simulação de culturas agrícolas com os econômicos. Desse modo, será possível caracterizar os riscos de produção, desenvolver estratégias de adaptação de sistemas produtivos e subsidiar a formulação de ações de pesquisa, extensão rural e políticas públicas levando-se em conta a variabilidade do clima e mudanças climáticas.

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