As indústrias de vinho e derivados da uva e do vinho do município de Garibaldi, na Serra Gaúcha, são um exemplo da ascensão econômica do setor. Maicon Félix, supervisor de produção de uma tradicional vinícola que completa 80 anos em janeiro, relata que nunca houve tanta produção de espumante. Os trabalhadores estão fazendo hora extra, a empresa abriu 20 vagas e está funcionando também aos sábados. Tudo para atender a demanda crescente pela bebida. Maicon tem 23 anos e graças ao aumento nas vendas já ganhou uma promoção.
? Estavam precisando de alguém que conhecesse das máquinas, então ganhei a promoção. Todos estão ganhando com o aumento do espumante ? explica o supervisor.
O aumento no consumo pode ser atribuído às ações de marketing lideradas pelo Instituto Brasileiro do Vinho. O Ibravin vem trabalhando em campanhas promocionais pra aumentar a percepção do vinho brasileiro diante do consumidor, visando não apenas a conquista de mercado interno, quanto externo. Segundo Diego Bertolini, gerente de marketing do Instituto, é necessário oferecer o produto, fazer campanhas, ações promocionais, campanhas de incentivo, campanhas educacionais com cursos de degustação de espumante e muito mais para aumentar o conhecimento do consumidor.
? As campanhas ajudam muito, mas as vendas só podem ser sustentadas graças à qualidade do produto ? salienta Bertolini.
Com as condições de clima frio característicos da serra do Rio Grande do Sul, o ambiente para produção se assemelha muito ao da região de champagne na França. Então, é possível atingir um nível de acidez mais alto, aromas mais frescos no espumante, o que faz com que o espumante tenha uma excelente qualidade. Não é por acaso que o Brasil tem várias premiações internacionais em todo o mundo. Segundo o enólogo Gabriel Carissimi, a qualidade dos espumantes que saem dos parreirais da serra gaúcha já é reconhecida mundialmente. O diferencial agora é que o consumidor brasileiro não se restringe apenas as especialistas mundiais, mas já está descobrindo as vantagens da bebida nacional.
? O consumo brasileiro ainda é muito pequeno. Não chega a duzentos mililitros per capita ao ano. Mas o trabalho de divulgação junto aos consumidores já vem dando resultado ? afirma Carissimi.
Cláudio Carvalho é representante comercial de uma vinícola em Mato Grosso e está se especializando em um curso para somelier para levar mais informações para os consumidores da região. Ele garante: quem experimenta o espumante brasileiro não troca.
? A gente insiste muito com o consumidor, e quando ele prova o produto se dá conta realmente que o Brasil hoje não deixa nada a desejar ? conclui Carvalho.