Disponibilidade de água é importante, principalmente, em dois períodos de desenvolvimento da soja, germinação-emergência e floração-enchimento de grãos
*Áureo Lantmann
Durante três semanas de viagem com a Equipe 2 da Expedição Soja Brasil, passamos por Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Em varias localidades, principalmente do Paraná, há um apreensão em razão de atrasos de semeadura em áreas já semeadas por falta de chuvas.
• Leia o artigo anterior: Evolução da soja no Sul do Brasil
A disponibilidade de água é importante, principalmente, em dois períodos de desenvolvimento da soja, germinação-emergência e floração-enchimento de grãos. Durante o primeiro período, tanto o excesso quanto o déficit de água são prejudiciais à obtenção de uma bia uniformidade na população e plantas.
A semente de soja necessita absorver, no mínimo, 50% de seu peso em água para assegurar boa germinação. Nessa fase, o conteúdo de água no solo não deve exceder a 85% do total máximo de água disponível e nem ser inferior a 50%.
O estádio vegetativo denominado VE representa a emergência dos cotilédones, isto é, uma plântula recém-emergida é considerada VE. Até o final do estádio VE, os cotilédones perdem cerca de 70% de seu peso. A perda precoce de um dos cotilédones pouco afeta o rendimento final da planta, mas a perda de ambos pode reduzir os rendimentos em até 9%. Isso pode acontecer por falta de umidade suficiente para uma perfeita emergência.
A necessidade de água na cultura da soja vai aumentando com o desenvolvimento da planta, atingindo o máximo durante a floração enchimento de grãos (7 a 8 mm/dia) decrescendo após esse período.
A necessidade total de água na cultura da soja, para obtenção do máximo rendimento, varia de 450 a 800 mm/ciclo, na média 620 mm.
Considerando, por exemplo, a distribuição de chuvas em Londrina (PR), o período mais seguro para o plantio da soja seria em novembro, pois pela media dos últimos 50 anos, se tem um acumulado de água equivalente 772 mm. Semeaduras antes de novembro já teriam certo risco.
Distribuição anual de chuva média nos últimos 50 anos em Londrina – PR | ||||||||||||
meses | total | |||||||||||
ago | set | out | nov | dez | jan | fev | mar | Abr | mai | jun | jul | |
……………………………………………………….mm……………………………………………………………. | ||||||||||||
60 | 104 | 177 | 134 | 230 | 235 | 173 | 137 | 107 | 106 | 96 | 69 | 1628 |
soma | ||||||||||||
772 | ||||||||||||
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Para minimizar os efeitos do déficit hídrico, indica-se semear apenas cultivares adaptadas à região e à condição de solo: semear em época recomendada e de menor risco climático, semear com adequada umidade em todo o perfil do solo, e principalmente adotar praticas que favoreçam o armazenamento de água pelo solo tais como: plantio direto, distribuição de cálcio na profundidade do solo, cobertura com palha de alta relação C/N e bons níveis de nutrientes.
*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013