Os produtores possuem a mesma oferta de tecnologia, mas o rendimento é diferente. O pode explicar isso é a postura diante das tecnologias
*Áureo Lantmann
Na safra, 2015/2016, serão cultivados no Brasil mais de 33,24 milhões de hectares com soja e se espera uma produção de 101,91 milhões de toneladas de grãos. Para colher tudo isso, a produtividade média deverá ser de 3100 kg/ha ou 51 sacas por hectare.
Tem sido comum agricultores produzirem entre 80 sc/ha até 120 sc/ha, mas também se observa casos em que os rendimentos não são maiores que 30 sc/ha. Os produtores possuem a mesma oferta de tecnologia, mas o rendimento é diferente. O pode explicar isso é a postura diante das tecnologias.
• Leia o artigo anterior: Estiagem e a população de plantas de soja
Algumas posturas como o uso de informações apenas para curto prazo; a comodidade; a falta de interesse em novos procedimentos; a ausência de um engenheiro agrônomo; o não entendimento holístico dos processos produtivos entre outras podem justificar os diferentes rendimentos entre os agricultores.
É importante frisar que a maior parte das tecnologias geradas por diversas instituições de pesquisas pressupõe que a soja será cultivada em no Sistema de Plantio Direto (SPD). Todos os trabalhos dirigidos para mostrar o potencial máximo de rendimentos da soja são executados nas seguintes condições:
1- Adoção do plantio direto: Essa tecnologia potencializa e sustenta qualquer outra. Além de preservar a qualidade dos solos, fornece formas para maximizar o uso de adubos, protege as plantas contra os efeitos da estiagem e do calor, aumenta o teor da matéria orgânica, controla naturalmente as plantas daninhas e condiciona o ambiente para que se tenha o ciclo normal das diferentes cultivares de soja.
2- Correção do perfil do solo: A quantidade de cálcio distribuída uniformemente na profundidade dos solos, significa melhor desenvolvimento radicular com consequente aproveitamento da oferta de nutrientes, maior resistência a seca e a acidez dos solos.
3- Ajuste da adubação para a produtividade esperada: Quantidades e formas de adubos deve sempre ser definidas em função de resultados, de analise de solos e também em função das necessidades das culturas que compõem os diferentes sistemas produtivos.
4- Utilização de cultivares produtivas e adaptadas à região: A estabilidade de produção, bem como a resistência ou, pelo menos, a tolerância a algumas pragas e doenças, são itens que podem determinar melhores rendimentos.
5- Arranjo espacial de plantas: A soja é uma espécie que apresenta uma grande plasticidade quanto ao arranjo espacial de plantas, variando o número de ramificações e de grãos por planta e, até mesmo, o diâmetro do caule, de forma inversamente proporcional à variação na população de plantas. Variações entre 200 e 500 mil plantas/ha, normalmente, não influenciam o rendimento de grãos.
6- Controle de plantas daninhas, pragas e doenças: No caso de pragas com o Manejo Integrado de Pragas (MIP), agricultores que o praticam têm conseguido efetivo controle das pragas com reduções significativas de custos.
7- Zelo do produtor na condução da lavoura desde a semeadura até a colheita: A presença de um engenheiro agrônomo na tomada de decisões, bem como no acompanhamento da lavoura, é fator fundamental para maximizar efeitos de determinadas tecnologias.
Dos sete itens, o mais importante é o plantio direto. Nesta técnica, o solo fica coberto o ano todo, com volume de palha de relação C/N baixo, para fornecer matéria orgânica e para fornecer de habitat para inimigos naturais das pragas e para controle natural de planas daninhas. E, claro, ajuda no desenvolvimento da planta, gerando mais produtividade.
Veja a explicação do nosso consultor:
*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013