A não utilização de calcário ou a calagem mal feita são fatores mais fortes para a baixa eficiência das adubações, a baixa produtividade e/ou baixos lucros
* Áureo Lantmann
Tem sido comum nesta safra, em função de estiagens, o aparecimento de manchas nas lavouras de soja. As manchas são amareladas, em outras a soja não se desenvolveu bem, outras ainda apresentam alguns sintomas de deficiências nutricionais. Esse conjunto de observações pode estar ligado a problemas decorrentes de calagem, em excesso, em falta ou até aplicado de forma desuniforme.
A maioria dos solos brasileiros apresentam problemas de acidez, toxidez de alumínio e deficiência de cálcio e magnésio. A maneira mais fácil, correta e econômica para corrigir esses problemas, na camada arável, é o uso de doses adequadas de calcário, através da calagem.
O efeito mais marcante do calcário em solos ácidos talvez seja que, ao corrigir a acidez do solo, ele aumenta a eficiências das adubações. A não utilização de calcário ou a calagem mal feita são fatores mais fortes para a baixa eficiência das adubações, a baixa produtividade e ou baixos lucros, ou, mesmo, o prejuízo dos agricultores, em relação a um grande número de culturas no Brasil.
Alguns itens importantes sobre a calagem:
PRNT: a eficiência dos corretivos é determinada pelo Poder Relativo de Neutralização Total, que reflete a intensidade de reação do corretivo no período de três meses.
Época de aplicação: a calagem pode ser feita em qualquer época do ano, contudo é importante que a aplicação do calcário seja realizada com maior antecedência possível, mínimo de três meses ao plantio.
Áreas sob sistema de plantio direto: antes de iniciar a utilização desse sistema, é necessário fazer uma calagem bem feita, em geral para elevar a saturação de bases a 70% ou 60%%, ou na quantidade determinada pelo método SMP, ou ainda em função das quantidades de alumínio, e saturação de cálcio e magnésio, sempre em conformidade com as características físicas e químicas dos solos. A) para solos argilosos, 1/3 da necessidade calculada; B) para solos de textura media ou arenosa 1/2 da necessidade calculada.
Periodicidade de calagem: a frequência da calagem deve obedecer á critérios técnicos, caso contrário, por falta ou excesso de calagem, podemos ter sérios problemas de toxidez ou falta de macro e também de micronutrientes.
Na tabela abaixo, observa-se o efeito da calagem que no ano de 90 reduzindo o alumínio a zero e aumentou o pH para 5,1. A necessidade de nova calagem só seria necessária após o sétimo ano, quando os valore se pH e alumínio votaram aos níveis de inicio.
Valores de alumínio e pH de um solo latossolo, após calagem em 1989 e ao longo de sete anos
Fonte: Lantmann et ali. 1996. |
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Anos | ||||||||
1989 | 1990* | 1991 | 1992 | 1993 | 1994 | 1995 | 1996 | |
pH | 4,5 | 5,0 | 5,1 | 5,0 | 4,9 | 4,7 | 4,6 | 4,5 |
Al | 0,30 | 0,12 | 0,0 | 0,02 | 0,04 | 0,14 | 0,19 | 0,24 |
*primeiro ano após calagem. | ||||||||
Solo cultivado em plantio direto, com a sucessão de culturas soja/trigo. |
*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013