Viajando pelo país pelo terceiro ano seguido com o Projeto Soja Brasil, observamos que o produtor brasileiro produz soja em diversas situações e mostra nossa habilidade com a adversidade
* Áureo Lantmann
Estamos participando da terceira Expedição Soja Brasil. Tivemos oportunidade nestas três safras de observar vários aspectos e formas de cultivo da soja, em diversas situações do território nacional.
• Leia ao último artigo: Fatores que determinam altos rendimentos da soja
Podemos afirmar que observamos a oleaginosa cultivada em solos com 85% de argila e, também, em solos com 85% de areia. Vimos soja em terrenos com mais de 1100 metros de altitude com também em terrenos com 150 metros de altitude.
Teve lavouras de soja que foram conduzidas com sete aplicações na soma de herbicidas, inseticidas para lagartas inseticidas para percevejos e fungicidas, mas também aconteceu de lavouras em que foram feitas 18 aplicações.
Alguns agricultores tiveram custos de produção da soja equivalente a 28 sacas/ha, mas, também, agricultores apresentaram custo de 48 sacas/ha, considerando o preço de R$ 50,00/sc.
Observamos lavouras do grão conduzidas em solos com 40 anos de plantio direto, sem que, durante estes anos, o solo tenha sido arado, gradeado ou escarificado, mas também verificou-se soja cultivada em solos recém incorporados ao processo produtivo com a leguminosa.
Vimos agricultores cultivando 150 ha de soja, mas também conhecemos agricultores cultivando 15.000 ha. Conhecemos agricultores que cultivam soja a mais de 45 anos e também alguns que estão no seu primeiro ano.
Tivemos a oportunidade de conhecer agricultores que há 15 anos cultivam soja no verão e milho safrinha no inverno, num processo de sucessão sem muita sustentabilidade, mas vimos agricultores que praticam um sistema de rotação de culturas, em que a soja é cultivada no máximo três anos num mesmo talhão sendo substituída pelo milho no verão e milheto ou braquiária no inverno, sistema que tem garantido sustentabilidade técnica e econômica.
Agricultores que estão localizados a 100 km do porto de Paranaguá no Paraná, mas também conhecemos outros que estão a mais de 2000 km deste porto.
Registramos em reportagens, lavouras de soja que estão a cinco anos sem receber adubação, lembrando que a adubação representa até 35% do custo com insumos, e todas produzindo o máximo que a variedade e a condições de clima permitam.
É nesse universo de situações que a soja é cultivada no Brasil.
Podemos afirmar que para todas as situações de cultivo de soja no Brasil há um conjunto de tecnologias próprias para cada.
*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013.