*Áureo Lantmann
Há um senso geral de que o custo de produção da soja para a safra 2014/15 teve um aumento significativo em relação aos custos da safra anterior.
• Leia ao artigo anterior: Gastos com defensivos
Dos itens que compõem insumos, adubação é o item mais caro, equivalente entre 25% a 35% do custo total. Sendo assim, a definição da adubação, quantidade e forma de aplicação de adubos, deve referir-se a critérios ajustados técnica e economicamente, para se evitar desperdício ou falta deste insumo.
Uma quantidade mais precisa de adubo não deve ser definida somente pelo resultado de analises de solo. Uma definição mais ajustada deve levar em conta o seguinte: a) resultados de analises de solo; b) as demandas nutricionais de cada cultura que compõem o sistema; c) a evolução da fertilidade do solo, ou seja, pelos resultados de analises de solo observar, se os principais nutrientes estariam em disponibilidade crescente ou decrescente; d) os rendimentos anteriores das culturas que compõem o sistema; e) a situação de acidez do solo; f) a capacidade de troca catiônica (CTC). É importante que os principais nutrientes estejam sempre acima do nível crítico.
A soja tem habilidade de se aproveitar muito do residual das adubações anteriores, ou seja, adubações praticadas para milho, trigo, algodão, feijão, tomate, sempre vão deixar um residual de adubo, do quais a soja vai se beneficiar.
É viável reduzir, relativamente, a quantidade de adubos para a soja sem comprometer os rendimentos.
Durante a expedição Soja Brasil, observamos pelos menos três situações em que a soja não foi adubada:
1) No estado de Goiás agricultores que depois de colherem a soja arrendam áreas para a produção de sementes de milho;
2) Também no estado do Goiás, agricultores que semeiam soja depois de cultivo de tomate, também não adubam para a soja;
3) No estado do Paraná, agricultores que cultivam no inverno trigo, aveia ou cevada, deixam de adubar a soja por mais oito anos;
Os dados da Tabela 2 revelam que, houve um aumento relativo de 18% no consumo de adubo para soja nos ultimo cinco anos, sem que isso corresponde-se a um aumento de rendimento:
Tabela 1. Alguns dados relativos ao consumo de adubo para a soja no Brasil. | ||||
Ano | Adubo total entregue | Adubo para soja | Relação de troca | |
Mil/toneladas | Saca/tonelada de adubo | |||
2009/10 | 22.400 | 7.859 | 19,4 | |
2010/11 | 24.516 | 8.507 | 25,3 | |
2011/12 | 28.326 | 9.602 | 24,15 | |
2012/13 | 29.255 | 10.763 | 19,10 | |
2013/14 | 30.700 | 11.930 | 18,56 | |
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Fonte: ANDA 2014 e CONAB 2014.
Tabela 2. Área cultivada com soja, rendimento, quantidade média de adubo e taxa de aumento relativo de adubo usada no cultivo da soja nos últimos cinco anos. | ||||
Ano | Área | Rendimento | Quantidade média de adubo. | Taxa de aumento |
Mil/ha | Kg/ha | Kg/ha | % | |
09/10 | 23.468 | 2927 | 334 | 0 |
10/11 | 24.181 | 3115 | 351 | 5 |
11/12 | 25.042 | 2653 | 384 | 14 |
12/13 | 27.736 | 2938 | 388 | 16 |
13/14 | 30.173 | 2854 | 395 | 18 |
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Fontes: ANDA 2014 e CONAB 2014.
*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013