Em época de seca, ocorrem grandes impactos negativos, uns independe da vontade do agricultor, mas têm aqueles promovidos por atitudes dos agricultores
*Áureo Lantmann
No final de novembro, a Expedição Soja Brasil percorreu as lavouras de soja nas localidades de Tangara da Serra, Campo de Júlio, Sapezal e Campo Novo dos Parecis, todas no Mato Grosso, maior Estado produtor do país.
• Leia ao artigo anterior: Estádio R2
Nesta época, toda a soja na região deveria estar semeada, algumas até deveriam estar no estádio R3 para R4. Porém, em função da longa estiagem, ocorrida no mês de outubro, a soja semeada entre os dias 5 até 20 de outubro não teve bom desenvolvimento, e a semeada no inicio de novembro também sofreu com a estiagem e algumas áreas estão sendo semeadas agora no começo de dezembro.
Nesta situação de estiagem ocorrem grandes impactos negativos. Impactos que podemos classificar como totalmente independentes na vontade dos agricultores, mas como também aqueles promovidos por atitudes dos agricultores.
Os estresses causados por deficiência de água determina o desenvolvimento de plantas de pequena estatura, raquíticas, com folhas pequenas e entre nós curtos. Os tecidos vegetais apresentam-se com aspecto de murchos e os folíolos tendem a fechar para diminuir a área foliar exposta.
As secas severas, como esta ocorrendo no oeste do Mato Grosso durante a fase vegetativa, reduzem o crescimento da planta e diminuem a área foliar e o rendimento de grãos. Secas durante o período reprodutivo causam reduções mais drásticas no rendimento. Deficiências hídricas durante o florescimento aumentam o abortamento de flores. Secas durante o desenvolvimento das vagens e o inicio do enchimento de grãos ocasionam abortamento de vagens e “chochamento” de grãos, com consequente diminuição do numero de vagens e o aparecimento de vagens vazias ou chochas.
O abortamento de vagens não é plenamente compensado pelo numero de grãos/vagens e pelo peso de grãos, porque esses componentes do rendimento possuem limites máximos geneticamente determinados.
Entretanto, alguma compensação é sempre possível, através de maior peso de grãos, no caso das condições normalizarem-se a partir da fase de enchimento dos grãos. Para minimizar os efeitos do déficit hídrico, indica-se:
1) Semear cultivares adaptadas à região e à condição de solo.
2) Semear em época recomendada
3) Semear com adequada umidade todo o perfil do solo
4) Adotar práticas que favoreçam o armazenamento de água no solo, como semeadura direta e cobertura do solo.
Sobre o item nº 4, podemos considerar como algo que depende da atitude dos agricultores, que pode amenizar impactos negativos da seca. Vejamos alguns exemplos:
Adubação a lanço, pratica que numa situação de estiagem é inócua
Solo bem coberto, pratica que ameniza – e muito – os efeitos negativos de estiagem
Solo totalmente descoberto, situação que pode maximizar os efeito s negativos de uma estiagem
Efeito da estiagem sobre a altura das vagens bem rente ao chão e mal formadas
É muito grande a quantidade de área de solos totalmente descoberta. Fato que potencializa os efeitos negativos da estiagem até agora observados.
*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013