Apostar no efeito residual dos fertilizantes nos solos é uma das alternativas que o produtor tem para garantir uma safra no azul
*Áureo Lantmann
Cada safra de soja se desenvolve com algumas características próprias que, podem se repetir por mais anos ou não. Essas características acabam definindo a safra.
O atual ciclo se inicia com uma característica, a do custo de produção. Houve um significativo acréscimo nos gastos com a lavoura em relação à safra passada, chegando a mais de 20%. Esse aumento se deve a uma alta do dólar em relação ao real, o que se reflete no preço dos insumos necessários ao desenvolvimento da soja.
Numa situação como esta, é recomendado que os agricultores busquem alternativas para reduzir custos de produção, verificando itens de custo, como os insumos podem ser reduzidos sem que se perca rendimentos. O item mais caro nas despesas com insumos é adubação, chegando a significar entre 30% a 40 %. Porém, este é um dos itens que pode ser considerado para a diminuição.
A soja, diferentes de culturas com o milho ou o trigo, consegue aproveitar do adubo de anos anteriores, o que chamamos de efeito residual. Partindo desse conceito, é possível reduzir as quantidades de adubo para o cultivo da soja sem que se perca rendimento.
Observamos no inicio desta safra, no sul do Mato Grosso do Sul, nos municípios de Ponta Porã e Amambaí, que os agricultores que reduziram a adubação pela metade em relação a que foi usada no ano anterior. Na verdade eles tinham a intenção de não adubar nada, mas, por precaução, os agricultores decidiram usar metade. Isto significa menos 20% no custo com insumos.
Solos cultivados com sucessão de culturas, como soja e milho ou milheto ou trigo, durante vários anos, acumula teores dos principais nutrientes. Com teores de fósforo, potássio, cálcio e magnésio acima do nível crítico, bom teores de matéria orgânica, ausência de alumínio e textura argilosa é perfeitamente possível dispensar a adubação sem comprometer rendimentos de soja.
Trabalhos de pesquisa, referendados por entidades de apoio e experiências de agricultores em várias localidades do Brasil permitem que se indique, em varias situações de solo, que não se adube para cultura da soja em uma ou duas safras.
Como já temos informações de agricultores que deixaram de adubar ou reduziram a adubação, esta safra será uma grande oportunidade para se conferir como uma adubação mais equilibrada pode garantir boa produtividade.
*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013