Não entender a necessidade de acabar com a ponte verde pode ser um tiro no pé do produtor
*Áureo Lantmann
Com a Caravana Soja Brasil, iniciada em agosto – que passou por Goiás, Paraná e Mato Grosso do Sul -, e agora com a Expedição novamente no Paraná e em Santa Catarina, tivemos a oportunidade de avaliar, segundo depoimentos de agricultores que praticaram o cultivo da soja depois de soja, o resultado desta pratica.
• Leia ao artigo anterior: Proteção dos solos
Um conjunto de agricultores de Goiás, do Mato Grosso do Sul declararam que nunca mais fariam tal pratica, porém alguns do Paraná declararam que se saíram satisfeitos e vão fazer a segunda safra de soja novamente em 2015.
O produtor precisa entender o vazio sanitário como instrumento de eliminação da ponte verde, que é causadora de doenças da cultura como a ferrugem, o mofo branco, a cercóspora e os nematoides de galha e cisto. Também é um método de controle de pragas, como o percevejo verde e marrom, além da helicoverpa. Alguns produtores, contrariando os princípios impostos essa proteção, vão fazer novamente a soja de segunda safra.
Essa atitude representa um tiro no pé, uma ação desastrosa.
Uma das formas de reduzir a ação nefasta da helicoverpa é não proporcionar uma ponte verde, na qual este inseto pode se hospedar e continuar seu ciclo de vida. Com soja sobre soja, ser criará uma condição enorme para que a helicoverpa se abrigue, saindo de uma condição bem favorável, que é a presença de vagens de soja, para logo em seguida se hospedar e se alimentar de uma soja recém-geminada. Um novo habitat no período vegetativo.
O produtor vai criar uma condição extremamente favorável para a praga se abrigar, se alimentar e se reproduzir. Depois, serão necessários baldes de inseticidas poderosos para acabar com um problema que poderia ser evitado.
Algumas pragas de raiz como o percevejo castanho e os corós terão seus ciclos de vida bastante favorecidos com o cultivo continuo de soja, o que vai demandar um controle com inseticidas além do que já se pratica.
É muito importante respeitar o vazio sanitário para o controle da ferrugem e para diminuir o inoculo na safra seguinte, bem como a eliminação de plantas voluntárias de soja (guaxa ou tiguera) mas, com o cultivo de soja sobre soja, a pressão de inoculo só tende a aumentar.
O cultivo de soja em sucessão a soja, pode inviabilizar, no médio prazo, o cultivo desta leguminosa, de forma técnica e econômica. Econômica porque vai aumentando os custos de produção com inseticidas e fungicidas; tecnicamente porque doenças e pragas vão adquirir, em tempo mais curto, resistências aos princípios ativos e as moléculas, que hoje compõem os inseticidas e fungicidas disponíveis no mercado.
*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013
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