Algumas tecnologias, quando bem conduzidas, certamente produzem bons efeitos no rendimento do produtor, com consequente redução de custos
*Áureo Lantmann
Iniciamos a Expedição Soja Brasil safra 2014/15 para cobertura da região Sul do país, pelos Estado do Paraná e, na sequência, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul.
No Paraná, a expedição vai observar lavouras nas localidades de Londrina, Campo Mourão, Cascavel, Toledo, Medianeira e Pato Branco.
• Leia o artigo anterior: Custo da adubação
Em relação ao ano passado, o custo de produção da soja teve um aumento significativo. Estimativas de custo chegam nesta safra até 48 sacas por hectare, considerando a media de produção de soja no Brasil nos últimos cinco anos, que foi de 50 sacas/hectare, o retorno é muito baixo.
Algumas tecnologias, quando bem conduzidas, certamente produzem bons efeitos no rendimento com consequente redução de custos, com por exemplo.
1) As quantidades de calcário estabelecida e distribuída em função de cálculos por agricultura de precisão significa que quantidades deste insumo foram dimensionadas e distribuídas conforme a real necessidade de cada espaço dentro dos talhões em uma determinada fazenda, o que garante uma homogeneidade da lavoura, com o uso de menos calcário em se comparado a uma distribuição sem agricultura de precisão. Economia de 0,75 sc/ha.
2) A distribuição de adubos, de forma geral, deve ser feita no sulco de semeadura, o que garante um melhor aproveitamento dos fertilizantes. A distribuição de adubos a lanço pode comprometer o rendimento da soja, principalmente em situações de estiagem, situação que esta ocorrendo neste início de safra. Aproveitamento do fertilizante representa uma economia de 1,75 sc/ha.
3) O processo de infecção da ferrugem na soja depende de água livre na superfície da folha, sendo necessário no mínimo 6 horas com um máximo de infecção ocorrendo com 10 a 12 horas de molhamento foliar. Temperaturas entre 18 °C e 26,5 °C são favoráveis para a infecção. De forma geral, são frequentes temperaturas acima 28,0 °C, o que promove intensa evapotranspiração nas superfícies das folhas de soja. Essas informações aliadas a consultas fornecidas pelo Consorcio Anti-ferrugem da Soja, a pratica do vazio sanitário com qualquer vegetal que forneça uma “ponte verde” para o estabelecimento da ferrugem tem permitido aos agricultores fazer uma ou duas aplicações no máximo de fungicida para o controle da doença. Economia de 1,75 sc/ha.
4) O controle de percevejos no custo de produção da soja pode representar até 2,5 sc/ha. Porém, se levarmos em conta alguns procedimentos como aplicações para o controle dos percevejos antes do início do desenvolvimento de vagens (R3), não resultam em melhoria da produtividade, e/ou na qualidade dos grãos, também não reduz a densidade populacional de percevejos na fase crítica da soja ao dano da praga. O inicio das infestações com percevejos começa sempre pela bordadura, daí a primeira aplicação ser exclusiva para a região da bordadura. Essas duas observações, levadas em consideração por produtores de soja, podem reduzir de 2,5 sc/ha para 1,5 sc/ha. Economia de 1,0 sc/ha.
A adoção destas quatro tecnologias pode reduzir o custo em 5,25 sc/ha.
*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013