A primeira parada em Brasília, para ver a capital e se deslumbrar com o cerrado brasileiro, conhecendo uma propriedade de um grupo que maneja quase 250 mil hectares em 20 diferentes localidades, produzindo assustadores 3300 kg/ha de soja, 9.500kg/ha de milho e 1700 kg/ha de algodão, um recorde, com sustentabilidade de pessoas e meio ambiente. Pura geração de renda no cerrado e crescendo ao ritmo de uma fazenda de 30 mil ha/ano.
Seguiu-se uma apresentação das pesquisas da Embrapa, um conjunto de cientistas comprometidos e entre os principais responsáveis pela revolução na geração de renda do agro brasileiro.
A segunda parada é a base em Ribeirão Preto, pois com uma hora de viagem pode-se visitar as cadeias de carne bovina, café, laranja, papel e celulose, cana e bioenergia, borracha, frutas, leite, além de empresas de insumos e tecnologia com padrões mundiais.
Em Franca, viram o sucesso do cooperativismo brasileiro no café, cada vez adicionando valor com inovação, trabalho e com bons preços, trazendo US$ 7 bilhões em renda de exportações para ser distribuída para produtores, comerciantes, calçadistas e estudantes em 2011.
Em Matão, visitaram uma propriedade tradicional de laranja, onde foram debatidas as dificuldades de custos crescentes e como reverter a estabilidade de consumo do suco. Em Araraquara, os europeus do grupo experimentaram o suco que tomam em seus países, visitando uma fábrica, e viram a cadeia mais competitiva do mundo, gerando e trazendo renda de mais de US$ 2 bilhões por ano em exportações.
Em Itápolis e Sertãozinho, viu-se a conjuntura da cana. As pesquisas e inovações existentes no plantio, nas variedades, as projeções de crescimento pelas demandas mundiais de açúcar e principalmente as demandas locais de etanol, incríveis demandas em plástico renovável, cogeração de eletricidade e todos os novos mercados que se abrem. Só este ano quase US$ 15 bilhões de renda gerada ao Brasil em exportações.
Nestas viagens pelo agro, viram trabalhadores, pesquisadores e empresas transpirando, se desenvolvendo e conquistando resultados. Fruto deste “agro-trabalho”, em 2011 virão quase US$ 90 bilhões em exportações e um saldo de US$ 75 bilhões, promovendo a geração de renda e a inserção social no Brasil.
Por sorte estes 40 estrangeiros não viram que a mesma USP organizadora da sua viagem técnica e composta por mais de 100 mil cientistas, tinha sua imagem fortemente manchada perante a sociedade que a mantêm com seus impostos pagos, devido à invasão da Reitoria por 70 indivíduos, boa parte não mais em idade estudantil e sim em idade de trabalhar, desrespeitosos das leis, das instituições, da democracia, de conhecimento do mundo, e pior, insensíveis com a dor de pais que perderam filhos assassinados na insegurança do campus.
Os estrangeiros se foram maravilhados, pois viram a parcela do Brasil que quer trabalhar e produzir, e não a parcela que, em síntese, quer usufruir sem em nada contribuir.
*Marcos Fava Neves é professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto.