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Asfaltamento da BR-163 aponta necessidade de modernização de portos

Medidas são importantes para o escoamento agropecuário do norte do paísAssim como os agricultores de Mato Grosso torcem pela conclusão do asfaltamento da BR-163, no Pará a situação não é diferente. Quem depende da rodovia não vê a hora da pavimentação ficar pronta. Mas para que a estrada realmente se torne um corredor de escoamento agropecuário, também será preciso modernizar a infraestrutura dos portos instalados no norte do país.

O movimento intenso das máquinas alimenta a expectativa de que em menos de dois anos a BR-163 esteja completamente asfaltada. Os quase 700 quilômetros da rodovia que ficam em Mato Grosso já estão pavimentados. No caso do Pará apenas 40% dos pouco mais de mil quilômetros estão prontos.

Um destes trechos facilitou o dia a dia do pecuarista Ivo Neves. O pecuarista é dono de uma fazenda no distrito de Cachoeira da Serra, do lado paraense da divisa. Mas mora e entrega os animais para abate em Matupá, no extremo norte mato-grossense. São 225 quilômetros de distância, que custavam a ser percorridos.

? Era muito difícil. Atolava, pousava na estrada. Hoje não, o trajeto não está demorando quatro horas. Antes cheguei a levar nove horas para vir da fazenda ? conta.

Além de reduzir o tempo de viagem, o produtor está conseguindo economizar no frete. Como parte do asfalto que ele precisa utilizar já foi concluída, o custo para transportar animais caiu de R$ 80 para cerca e R$ 60 por cabeça. O pecuarista comemora, mas não deixa de cobrar a conclusão das obras até Santarém.

? Agora com a estrada, com um frigorífico novo, diminuiu o frete, diminuiu o ICMS de um Estado para o outro. Vai ser muito bom para os pecuaristas daqui. Tem trecho até Santarém, tem produtor lá também, não pode parar, tem que continuar. Não pode parar de jeito nenhum ? comenta.

A pavimentação total da rodovia pode ajudar a promover o desenvolvimento de cidades que parecem ter parado no tempo. Como o fluxo de veículos deve crescer significativamente, a economia de várias comunidades também poderá ser aquecida.

Estima-se que seis milhões de toneladas de grãos colhidos em Mato Grosso passem pela estrada já no primeiro ano em que ela estiver pronta. O destino será o Porto de Santarém. Também há a expectativa da construção de uma ferrovia, ligando a cidade paraense a Cuiabá. Com isso a estrutura portuária terá que ser ampliada.

Atualmente a capacidade de movimentação de cargas em Santarém gira em torno de 2,5 milhões a três milhões de toneladas por ano. Um volume bem aquém da demanda que deve ser gerada quando a BR-163 e a ferrovia estiverem concluídas, que deve ser de pelo menos 10 milhões de toneladas de grãos.

O governo do Pará reconhece a urgência em aumentar a capacidade do porto.

? Acho que este é mais um desafio que vamos ter que enfrentar em conjunto. Sem dúvida alguma este aumento de carga vai exigir e impor uma pressão sobre a infraestrutura portuária que vamos ter que ver como é que juntos expandimos e adaptamos os portos a esta nova situação, não só com a ferrovia. A própria rodovia já vai provocar uma pressão muito grande da carga a ser manipulada e transportada pelo Porto de Santarém, o que já impõem medidas desde este momento e não apenas quando a ferrovia estiver pronta ? relata o governador do Pará, Simão Jatene.

A reestruturação do Porto de Santarém faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento. O projeto prevê a ampliação e instalação de um novo terminal de cargas. A capacidade será aumentada em quase 10 vezes. O custo da obra, que deve ficar pronta até 2014, será de R$ 152 milhões. O modelo de concessão ainda não foi definido.

? Ainda estamos discutindo o modelo. Pode ser o modelo clássico, onde o Estado entra com a infraestrutura e o privado entra com a super estrutura, com os equipamentos, com os terminais. Ou se vamos fazer com um modelo novo que nós estamos implantando lá na Companhia Docas, que é inédito no país, que é fazer com que o arrendatário entre conosco no investimento na obra pública e depois no nosso estudo de viabilidade a gente reverte isso para o Estado ? explica o supervisor de projetos e orçamentos da Companhia Docas do Pará, José Rodrigo Santana Pinho.

Atualmente o transporte de grãos via Santarém é feito por apenas uma empresa. Por ano a multinacional exporta para a Europa 1,1 milhão de toneladas de soja e milho. Cerca de 95% desta carga sai de Mato Grosso e chega até Santarém através do rio Madeira. Com os novos acessos ao porto, o grupo pensa em aumentar a capacidade de operações.

? Existe sim uma perspectiva, um plano nosso na questão da expansão das nossas instalações tão logo nós tenhamos definido nosso estudo de impacto ambiental. Temos hoje capacidade de transbordo de mais ou menos 1,1 milhão de toneladas e de certa forma trabalhamos ociosamente. E queremos, óbvio, uma expectativa de otimizar, mais para atender a esta demanda. Obvio que também tudo o que será enviado de Mato Grosso não será somente para a Cargill. Mas também teremos empresas concorrentes que estarão instaladas no porto para realizar a escoação deste montante que se prevê no futuro ? ressalta o gerente geral da Cargill Santarém, José Francisco Correa.

Mas além da ampliação do porto, a classe produtora também aponta a necessidade de instalar um terminal de transbordo de cargas no distrito de Miritituba, às margens rio Tapajós. Com isso eventuais problemas futuros de superlotação da capacidade portuária de Santarém poderiam ser evitados. Só que por enquanto o único movimento em Miritituba é o da balsa, que leva a e traz carros e pessoas até a cidade de Itaituba, do outro lado do rio.

O Canal Rural produziu uma série de reportagens sobre a rodovia BR-163 mostrando a história, o ritmo das obras e a importância da pavimentação da estrada que corta o Cerrado e a Amazônia. Acompanhe esta jornada, reveja as matérias que já foram ao ar!

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