Dois especialistas brasileiros em questões globais apontaram a Ásia como o mercado com maior potencial para o Brasil expandir exportações do agronegócio. Segundo Marcos Sawaya Jank, consultor da Agência para o Programa de Acesso a Mercados do Agronegócio e Alimentos (PAM-Agro) e Augusto Castro, gerente executivo da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o setor deve continuar, nos próximos anos, com a responsabilidade de sustentar os superávits comerciais brasileiros, pautado na exportação de commodities para mais de 200 países.
No entanto, o governo precisará se preocupar cada vez mais com o mercado internacional, porque existe risco grande de redução de exportação dos produtos brasileiros no Ocidente. A saída estará no continente asiático, que detém 61% do mercado mundial, com destaque para China, Índia, Indonésia, Japão e Coréia do Sul, que já se consolidam como grandes consumidores do futuro. O Brasil precisa se inserir ainda mais, nesses mercados mais dinâmicos.
De acordo com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Jank e Castro participaram de uma videoconferência com a diretoria da Embrapa no último dia 19 de julho, com transmissão para todas as unidades, e falaram sobre como agregar valor à parceria comercial com os países asiáticos. Destacaram a importância da presença naquele mercado e a busca por melhoria na qualidade dos produtos exportados.
“Esse tema muito nos interessa, porque o Mapa conta com a Embrapa para ajudar a Apex-Brasil em sua missão”, afirmou o presidente Maurício Lopes no início do encontro. “O continente asiático é também mercado para nossas tecnologias, mas acima de tudo temos o compromisso de auxiliar políticas públicas com estudos e dados qualificados, que possam embasar a criação de uma imagem positiva dos produtos brasileiros nesses mercados e a defesa dos interesses brasileiros”, disse.
Jank apresentou pontos da estratégia delineada pela Apex para os próximos meses e anos para aumentar a exportação de produtos brasileiros, relatou os problemas que o país vem atravessando no mercado internacional de carnes por conta dos desdobramentos da operação Carne Fraca e da preocupação com o baixo valor agregado de nossos produtos exportados. “Temos que exportar menos commodities e cada vez mais produtos com valor agregado.”
Informação de qualidade
O consultor pediu maior colaboração da Embrapa na geração de informação qualificada sobre os produtos brasileiros. Sugeriu a criação de um site ou página especial para ser utilizada em eventos internacionais, que possam mostrar que os produtos nacionais exportados têm qualidade, são produzidos sem gerar desmatamentos ou trabalho escravo e são fruto do conhecimento tropical gerado por cientistas reconhecidos no mundo inteiro. Apontou ainda cinco desafios internacionais para o país: competitividade, acesso a mercados, valor adicionado, melhoria da imagem e internacionalização.