? Passam os governos, vêm as propostas, e a gente não vê medidas efetivas para resolver esses problemas. Estamos nessa situação dramática, com endividamento dos produtores, que perderam parte de seu patrimônio, repassado para a indústria ? disse Viegas.
Ao iniciar sua exposição, Viegas apresentou o documento “A crise do complexo citrícola paulista: uma proposta não excludente”, elaborado pelo PT em 2000.
? O documento, apesar de ter 10 anos, está atualíssimo ? afirmou.
Destacou um trecho do texto que apresenta como uma “denúncia” a omissão dos governos estadual e federal em relação aos prejuízos dos trabalhadores do setor.
O presidente da Associtrus enfatizou que, em 1995, a indústria do setor assinou um contrato de cartel, dividindo os produtores de laranjas para cada empresa. O documento, de acordo com ele, foi entregue à Secretaria de Defesa Econômica (SDE), do Ministério da Justiça, e serviu de base para a “Operação Fanta”, deflagrada pela Polícia Federal em 2006.
? Mas só agora é que os últimos documentos da ‘Operação Fanta’ foram deslacrados ? disse.
No dia 16, a SDE iniciou a abertura do último lote de documentos da Citrovita, empresa produtora de suco de laranja do grupo Votorantim, para dar continuidade às investigações sobre denúncia de existência de cartel no setor.
? Esperamos que, daqui para frente, a ‘Operação Fanta’ apresente resultados ? disse Viegas.
Segundo ele, o problema da concentração é tão evidente que a produção brasileira representa 80% do mercado de suco de laranja mundial, tendo condições de manipular a bolsa de valores.
? Isso pode ser visto com o descolamento do preço do suco ao consumidor em relação ao preço da bolsa ? disse.
Na avaliação do presidente da Associtrus, a redução dos preços pagos aos produtores foi uma ação planejada para atingir o produtor e excluir os pequenos citricultores, que representam 92% da produção total.
? Eram 18 empresas, sobraram quatro, e duas já estão se fundindo. Na próxima safra, teremos apenas três empresas ? previu.