Com palhada e excesso de umidade, molusco se reproduz com mais facilidade; único produto capaz de controlar a praga não é permitido para uso em lavouras
João Henrique Bosco | Vera e Sorriso (MT)
Os produtores da região de Sorriso, no médio-norte de Mato Grosso, mal completaram um mês de plantio da soja e já estão enfrentando uma praga de difícil controle, a lesma. Não existem números oficiais sobre perdas causadas pelo molusco, mas os agricultores já contam com o prejuízo.
Foi preciso chegar cedo à lavoura do agricultor Silvano Filipetto para registrar imagens da lesma. É durante a noite até o amanhecer que o molusco sai para se alimentar. A praga ataca as lavouras de soja até 30 dias depois da semeadura. Em alguns casos, se o produtor se descuidar, o estrado pode ser grande.
A palhada, que ajuda a proteger o solo, serve de abrigo, um microclima perfeito para a reprodução. Só na safra passada, a lavoura de Filipetto teve perda de produtividade em 4% por causa da lesma. Este ano ele está testando um produto alternativo nos seus 1300 hectares.
– O pessoal indicou para nós um repelente, que não chega a matar, é uma mistura de plantas. Se deixar, ela vai comendo tudo e não sobra nada – afirma o agricultor.
Caminhando pela lavoura já é possível perceber os estragos causados pelo molusco.
– Ela tem um dano considerável porque causa perda do estande, que é o que define o potencial da lavoura. O produtor deve ficar de olho porque é uma praga considerável – orienta o agrônomo Ademir Gardin.
O agricultor Pedro Vigolo também teve a mesma surpresa desagradável. Embaixo da palhada, uma infestação de lesmas.
– Era um molusco que não era visto na lavoura. Agora o plantio direto dá condições ideais para ele se desenvolver, como matéria orgânica e umidade – afirma Vigolo.
O problema é que, segundo os produtores, o único produto eficaz no combate da lesma só é permitido para utilização em jardinagem, não em lavouras comerciais.
Problema constante
O Soja Brasil mostrou o mesmo problema com o molusco há exatos dois anos. De lá para cá, nada mudou. Os agricultores continuam de mãos amarradas, contabilizando perdas à espera de um produto que seja eficaz no controle desta praga.
– O produtor precisa se defender, tirando a lesma quando tiver infestação, esperando enquanto não aparece uma solução – lamenta o produtor Pedro Vigolo.
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