
O coordenador do projeto, Luciano Verdade, da Universidade de São Paulo (USP), destaca a tese de doutorado de Maria Aparecida Lisboa, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que analisa na região de Angatuba processo que ocorreu de forma generalizada em áreas do interior paulista.
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Ela conta que a paisagem foi profundamente mudada a partir de 1870, quando a floresta foi fragmentada para dar lugar a plantações de café e algodão.
– Com a crise de 1929, as áreas de cultivo foram abandonadas e ocorreu processo de revegetação. Ao ver um fragmento de Mata Atlântica, achamos que ele esteve sempre ali, mas as transformações foram muitas – afirmou.
Só a partir de 1970, com impulso para fomentar a agropecuária, a mata começou a ser substituída por pastos.
– Já no início do século 21, a produção de papel e celulose, mais competitiva do que a pecuária, impulsionou nova conversão dos pastos em florestas de eucalipto – disse Verdade.
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Enquanto isso, os vários ciclos da cana-de-açúcar permeavam o processo. Com as transformações, muitas espécies não conseguiram manter seu hábitat. Mas, para outras, surgiu a oportunidade de colonizar novos territórios.
– Naquela região, temos mais áreas de conservação agora do que em 1870. Ainda temos ali 60% das espécies de aves originais e seis de grandes felinos. Só a onça-pintada desapareceu – disse.
Segundo o pesquisador, algumas espécies não ficaram limitadas à mata nativa e mostraram capacidade de utilizar a paisagem de forma mais abrangente.
– Quando passamos a observar o que ocorre com as espécies em uma escala temporal ampla, considerando a paisagem em sua totalidade, compreendemos que é preciso usar as plantações de forma multifuncional, com manejo capaz de conciliar produção e conservação – afirmou.