? Os amigos aumentaram muito nos últimos dias e também os urubus ? brincou José Antonio do Prado Fay, presidente da BRF. Ele afirmou que não há ofertas formais na mesa, mas admitiu que recebeu telefonemas de interessados nos últimos dias.
Pelo acordo assinado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a BRF será obrigada a vender marcas e ativos que equivalem a uma receita de R$ 1,7 bilhão, ou 7,5% do faturamento líquido total. O comprador terá de se comprometer a garantir os empregos por seis meses e manter os contratos com fornecedores. O acordo determina um prazo para a venda dos ativos, que foi mantido em sigilo a pedido da BRF, que teme perder poder de negociação com os compradores.
? Só posso dizer que essa venda não vai ocorrer este ano. Só em 2012 ? disse Fay.
A companhia também não revelou o valor dos ativos à venda e disse que a avaliação será feita por um banco a ser contratado. Segundo o executivo, o processo vai demorar porque é preciso “preparar a noiva”. “Mas não é qualquer noiva. É uma noiva bonita, filha bem cuidada.”
O presidente da BRF também garantiu que vai vender para “quem pagar mais”, independentemente da nacionalidade da empresa, ou se vai representar um forte concorrente.
? Não tenho preferência. Se for uma estrangeira que pagar mais, nós venderemos ? declarou Fay.
O Cade gostaria que todos os ativos fossem vendidos a um único comprador, o que ajudaria a criar uma nova empresa capaz de rivalizar com a Brasil Foods. A companhia admite, no entanto, que a venda conjunta do pacote não é “obrigatória”. “Depende do comprador. Pode ser que tenha interesse em 90%, mas não no todo”, disse Fay.
Outro objetivo do órgão antitruste ao mandar vender as 12 marcas populares – também denominadas “marcas de combate” – é tirar o poder de fogo da BRF para impedir a entrada de novos concorrentes. Quando uma empresa surge, são os produtos baratos que duelam até que as novas marcas diminuam e sejam engolidas pelas líderes.