Com uma produção em abril de apenas 542 mil toneladas da commodity (34% abaixo de abril de 2011), as usinas da região Centro-Sul vêm queimando estoques trazidos da entressafra para fazer frente aos embarques já contratados. Neste momento mais apertado, os estoques aguardam a chegada em maior volume de produto da safra nova para seguir exportando a commodity nos prazos firmados.
O início da moagem na região atrasou em pelo menos 20 dias e as chuvas em abril acentuaram o problema, uma vez que dificultam a colheita.
A tendência, dizem especialistas, é que nos próximos meses — com o aumento da moagem de cana — esse atraso seja recuperado, pois uma parte importante da exportação prevista pela região já foi vendida antecipadamente. No entanto, o atraso dos embarques e o segundo ano consecutivo de estagnação da produção de açúcar no país coincidem com o momento em que a Tailândia e, em menor escala, a Índia continuam agressivas na exportação da commodity.
No ano passado, o Brasil, maior exportador global da commodity, perdeu mercado. O market share do país recuou de 50% para 46%, sobretudo com o avanço da Tailândia. O país asiático terá neste ciclo mundial 2011/12, que se encerra no fim de setembro, uma produção de 10 milhões de toneladas e uma exportação de sete milhões — o Centro-Sul do Brasil embarcou 22 milhões na safra 2011/12. Além de avançar em mercado brasileiro, a Tailândia, com sua grande produção, “neutralizou” o efeito da menor safra no Brasil nos preços internacionais. O resultado é que as cotações, em vez de subir, seguem derretendo em Nova York.
A China, mercado para o qual o Brasil embarcou 2,137 milhões de toneladas em 2011 (75% mais que em 2010), deve ter como seu aliado neste primeiro semestre o açúcar tailandês. A previsão da Thai Sugar Trading Corp., maior exportadora do país, é que no período sejam embarcadas 600 mil toneladas aos chineses. Em todo o ano passado, foram 277,6 mil toneladas. Já a Índia, apesar do barulho, embarcou apenas 1,4 milhão de toneladas, abaixo das expectativas do mercado.