Demora no crédito de custeio fez produtor conseguir recursos no momento em que o câmbio estava muito alto, elevando os gastos na lavoura; novo tributo preocupa
Manaíra Lacerda | Paraúna (GO)
Descapitalizados e com o atraso no custeio, os agricultores goianos não conseguiram antecipar as compras de insumos e viram os custos de produção aumentar. Em Paraúna, sul do estado, 60% dos sojicultores deixaram para comprar os defensivos depois de julho, época em que o dólar já passava de R$ 3,60, o que aumento o gasto em 30%.
– Quem comprou no primeiro semestre ganhou, mas quem veio comprar depois por causa da demora no crédito, ele infelizmente não está acertando agora – comenta o presidente do Sindicato Rural do município, Flávio Negrão.
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O agricultor Diogo Ferreira planta soja em Paraúna há 10 anos. Ele considera 2015 o pior ano, principalmente por causa da escassez do crédito de pré-custeio, impedindo a antecipação das compras de insumos. O dinheiro chegou tarde e o jeito foi reduzir o investimento em tecnologia.
– Nós resolvemos ajustar os produtos, pegar produtos baratos com eficiência satisfatória, para conseguir reduzir custos – explica.
Dos 600 hectares que Ferreira vai plantar, cerca de 160 estão em área de irrigação, mas os custos de produção cresceram tanto que ele vai esperar chover para iniciar o cultivo da soja, mesmo em áreas com pivôs.
– O custo aumento muito por causa da energia, aqui nós tivemos alta de 100%. Isso inviabiliza – reclama o produtor rural.
Novo tributo
Além do alto custo de produção, o presidente da Associação dos Produtores de Soja de Goiás (Aprosoja-GO), Bartolomeu Braz, alerta para um possível tributo que o governo estadual planeja cobrar sobre as exportações de soja, outros grãos e fibras in natura. Segundo Braz, o ICMS para exportação, que já é cobrado em Mato Grosso do Sul, pode reduzir a rentabilidade do produtor em até R$ 2,00 por saca.
– Essa medida pode criar uma reserva de mercado para as indústrias locais. São três milhões de hectares para expansão. Tem uma lei que nos protege e dá direito de exportar por causa da falta de competitividade. Isso pode acabar afetando nossa competitividade – critica o dirigente.
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