Muitos produtores ainda não começaram o cultivo por causa do tempo seco; os que plantaram estão arrependidos. Expedição Soja Brasil viu de perto os problemas do município
Fernanda Farias | Lucas do Rio Verde (MT)
A Expedição Soja Brasil passou por Lucas do Rio Verde, que assim como em todo o Mato Grosso, também está com o plantio da soja atrasado pela falta de chuva. Além das perdas na produtividade do grão, o cultivo do milho segunda safra, tradicional no município, também deve ser afetado.
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O produtor rural Gilberto Eberhardt confiou nas previsões meteorológicas e decidiu esperar. Está começando só agora o plantio de soja nos 510 hectares que tem na região.
– Se eu tivesse plantado agora, hoje eu estaria com 50% da propriedade comprometida – afirma.
A maioria dos 400 produtores do município fez o mesmo. Aguardou a chuva que, depois de quase um mês, começou a cair nesta semana na região. Com esse longo período de seca, a parte dos 260 mil hectares cultivados no município deverá render menos que o esperado.
– Hoje, devemos ter entre 10 e 15% de área plantada, alguma coisa terá de ser replantada. Não se sabe quanto, mas que perdeu, perdeu. Se o clima ficar favorável até o fim, de 5 a 6% foi perdido, principalmente nas variedades mais curtas – projeta o presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, Carlos Alberto Simon.
Visitamos uma lavoura que foi plantada há cerca de 30 dias. Neste estágio do ciclo, as carreiras deveriam estar fechadas, mas o que é possível perceber que são muitos espaços entre as plantar, o que compromete o desenvolvimento delas. Aqui, o produtor já tem certeza que terá de replantar 30% da área.
São 310 hectares em que as mudas não alcançam nem 20 cm. O agricultor Enio Rigo esperava colher 54 sacas por hectares, mas já está reduzindo a expectativa.
– Me sinto arrependido. Se eu não tivesse plantado, eu estaria muito mais feliz. Você olha para uma lavoura dessas e vai dizer o quê? A estimativa de colheita é menor. Acredito que vamos ter uma perca de 30%, sem falar no replantio, com mais custos de sementes e defensivos – lamenta Rigo.
O atraso na semeadura da soja causa outra preocupação entre os agricultores: a janela para o milho segunda safra, que, em média, ocupa metade da área destinada à soja.
– Nós vamos comprometer a safrinha de milho, eu só vou conseguir plantar 50% do planejado – estima o produtor Gilberto Eberhardt.
O presidente do Sindicato Rural acredita que, se o produtor do município plantar até o dia 30 de outubro, ainda é possível garantir o cultivo da segunda safra. Entretanto ele já espera uma produção menor.
– Plantando soja até 30 de outubro é possível fazer a safrinha. Eu acredito que deve quebrar 30% da safrinha de milho em Lucas – explica Simon.
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