Grande parte da produção do estado é concentrada em áreas de sequeiro, e demora na semeadura começa a prejudicar o calendário do milho segunda safra
Henrique Bighetti | Patrocínio (MG)
O vazio sanitário da soja em Minas Gerais já terminou e o produtor já pode semear, mas a falta de chuvas dificulta o cultivo do grão no estado. O atraso pode, inclusive, prejudicar o planejamento dos agricultores para a segunda safra de milho.
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Em Uberlândia, só tem água se for com irrigação. No principal município do Triângulo Mineiro não chove há mais de 20 dias. O produtor Júlio César Pereira decidiu arriscar e plantou 40 hectares de soja em uma área com pivôs, mas a maior parte da produção deve ocorrer em condições de sequeiro. Só que nesta área, ainda não tem data para começar.
– Com a terra muito seca, você não tem um plantio bom e uniforme. A semente fica compactada e demora a pegar umidade e germinar – explica o agricultor.
Em 2014, 15% da área da propriedade já havia sido plantada nesta época do ano. O atraso no plantio da soja pode prejudicar o cultivo do milho safrinha e, consequentemente, impactar na produtividade da fazenda.
– É preocupante. Às vezes, chega ao final e você precisa mudar de variedade, plantar trigo no lugar milho safrinha. Você fica obrigado a fazer isso, para conseguir ter dois plantios – justifica Pereira.
A falta de umidade no solo tem dificultado o cultivo da soja não só no Triângulo Mineiro, mas também em outras regiões do estado. Na região do Alto Parnaíba, a maior parte do plantio de soja deve ocorrer na área de sequeiro. Por isso, os produtores esperam por um volume maior de chuvas, pelo menos de 60 a 100 mm acumulados, para iniciar o cultivo do grão. Enquanto isso não ocorre, as lavouras permanecem paradas. A escassez é tanta que mesmo em áreas irrigadas o plantio segue lento.
– Nós ficamos com muitos pivôs no inverno sem irrigar, achando que essa água seria armazenada agora para o início do cultivo da safra de verão, o que não aconteceu. Os nossos reservatórios estão todos baixos e não tem água. No nosso caso, a gente queria plantar no dia 2 e outubro, logo após o termino do vazio sanitário, mas não temos água para irrigar – lamenta o engenheiro agrônomo Fabrício Andrade.
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