Audiência debate ampliação das áreas indígenas Governador e Awá-Guajá no Maranhão

Ampliação das delimitações envolve 13 municípios e afeta milhares de pessoas. Na cidade de Amarante, 20 mil agricultores familiares podem ser prejudicadosAs terras indígenas demarcadas no Maranhão foram tema de discussão na Câmara dos Deputados na terça, dia 20. Em uma sessão que começou às 15h e terminou à noite, produtores rurais, prefeitos e representantes dos indígenas debateream a ampliação das áreas Governador e Awá-Guajá. Mesmo com determinação da Justiça, os produtores permanecem no local. >> Leia mais notícias sobre demarcações de terras indígenas

A ampliação de duas áreas indígenas envolve 13 municípios e afeta diretamente milhares de produtores rurais. Só a cidade de Amarante deve perder 75% do seu território, prejudicando 20 mil pessoas ligadas à agricultura familiar.

– Isso vai contra a reforma agrária; tirar o homem do campo, colocar em uma cidade, sem ter o que comer, sem trabalhar. Os índios não reivindicam terras, mas assistência. Hoje, os índios têm terras improdutivas, não produzem, passam necessidade, passam fome – ressaltou a prefeita de Amarante, Adriana Ribeiro.

– Isso não é verdade. Qualquer cidadão sem território não tem vida. Quem primeiro viveu nas terras foram os índios, estamos buscando o que perdemos – rebateu o membro da Comissão de Política Indigenista, Lourenço Borges Milhomem.

Em abril do ano passado, o Ministério da Justiça havia dado o prazo de um ano para que as famílias deixassem as áreas. Porém, os agricultores continuam no local.

– A proposta é que seja feito um processo pactuado pelas duas partes, que elas possam receber benefícios de programas sociais da reforma agrária, de forma pacífica – disse o coordenador de índios isolados da Funai, Carlos Travassos.

– Os índios que estão lá podem ser preservados, mas não com ampliação de terras, mas com ampliação de recursos. O que estamos atrás é de uma solução para não usar a força. Faço o apelo para que o Ministério da Justiça não aperte esse botão. Nós sabemos que pode ter derramamento de sangue. Porque vai ter gente que vai defender a sua terra – destacou o deputado federal Weverto Rocha (PDT-MA).

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