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Audiência itinerante discute endividamento rural em Mato Grosso

Dívidas no Estado chegam a R$ 8 bilhõesCuiabá (MT) sediou nesta quinta, dia 11, a primeira de uma série de audiências públicas que serão realizadas pela subcomissão de endividamento da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. Um dos principais Estados produtores do país, Mato Grosso está perdendo agricultores por conta das dívidas, que chegam a R$ 8 bilhões, somando todas as linhas de crédito, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato).

Nas últimas seis safras, a produção de grãos mato-grossense registrou um crescimento de 43%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Somente o volume produzido de soja, por exemplo, saltou de 15,8 milhões toneladas na safra 2005/2006 para mais de 20 milhões na safra passada. Mesmo assim, o endividamento do Estado é gigantesco. 

Para discutir a gravidade da situação e procurar soluções, a Assembleia Legislativa do Estado realizou uma audiência pública com a participação de produtores e de deputados que integram a Subcomissão de Endividamento da Comissão de Agricultura no Congresso Federal. Trabalhadores rurais lotaram o plenário com faixas e cartazes.

Segundo a classe produtiva, agricultores descapitalizados passaram a vender ou a arrendar as áreas de cultivo. Além disso, a concentração de terras nas mãos de grandes preocupa. Hoje os grupos internacionais instalados no Estado já são responsáveis por 24% da produção agrícola.
 
? O endividamento é antigo e as soluções sempre foram paliativas. O que a gente espera é medida rápida, eficiente e que preserve quem está no campo, para que Estado não vire um pólo de produção internacional ? diz o agricultor Ricardo Tomczyk.
 
Do total de dívidas, pelo menos R$ 1 bilhão corresponde às pendências com a prorrogação das parcelas contraídas na compra de máquinas entre 2004 e 2005. Presidente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, o agricultor Alex Utida explica que os juros cobrados na compra de maquinários são bem superiores ao valor original dos equipamentos.

? O maior problema é os bancos de fábricas. Sofro ações em que tentam arrestar minha máquina. Comprei apenas uma, mas a dívida é como se fosse de quatro ? declara.

Durante a audiência, representantes do setor rural enfatizaram que a solução é o abatimento do saldo devedor e não uma nova prorrogação para o pagamento das pendências.

? O problema é crônico e vem de anos. É importante fazer este diagnóstico e entender a situação para trazer solução. Queremos, a partir destes trabalhos, possibilitar que produtores façam saneamento das dívidas ? diz o presidente da Famato, Rui Prado.

Em todo o Brasil, o endividamento rural chega a R$ 114 bilhões. Nos próximos meses, outras audiências serão realizadas em Estados produtores. O primeiro relatório da subcomissão deve ser apresentado até o fim de novembro.

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