Aumenta severidade do greening em pés de laranja

Doença está presente em 16,92% das laranjeiras do parque citrícola comercial brasileiro

Fonte: Suelen Farias/Canal Rural

O levantamento do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) divulgado nesta quarta, dia 29, aponta que em 2016 o greening, principal doença que afeta os pomares, está presente em 16,92% das laranjeiras do parque citrícola comercial brasileiro, que engloba 349 municípios dos estados de São Paulo e Minas Gerais. 

O índice é semelhante ao do ano passado, de 17,89%, e dentro da margem de erro da pesquisa, de um ponto porcentual para mais ou para menos. A incidência corresponde a 32,5 milhões de árvores doentes no campo e, apesar desta estabilidade no avanço da doença ocorrer pela primeira vez desde o início do levantamento em 2008, a severidade do greening nas plantas cresceu este ano.

De acordo com o Fundecitrus, 51% das laranjeiras – o estudo não abrange limões, tangerinas e pomares abandonados – apresentam mais de um quarto da copa com sintomas de folhas amareladas, ou 16,6 milhões de plantas. No ano passado esse índice de severidade estava presente em 15,4 milhões de árvores.

O greening é incurável, causado por uma bactéria e atinge todas as variedades cítricas, com perdas de produtividade, queda dos frutos e das folhas das árvores, até a morte da planta no estágio mais avançado.

Segundo o Fundecitrus, a estabilidade do greening nos pomares ocorre pela alta taxa de erradicação de plantas doentes, tanto por parte dos citricultores que fazem o manejo rigoroso da praga, quanto pelo encolhimento do parque citrícola no último ano. 

“O manejo regional tem se mostrado eficiente para controlar a incidência da doença em grupos de produtores que trabalham conjuntamente no combate ao psilídeo (inseto transmissor). Associado à eliminação de plantas doentes, este trabalho foi determinante para diminuir o crescimento da doença”, informou o gerente do Fundecitrus, Antonio Juliano Ayres.

A Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) apontou a redução no parque citrícola com a erradicação de 21,3 mil hectares de laranja entre maio de 2015 e abril de 2016, dos quais 57% eram de pomares acima de 10 anos. Em contrapartida, foram plantados 9,5 mil hectares com laranja no período. 

“Houve uma eliminação de pomares velhos e doentes, que deixaram de ser produtivos por causa do greening, ao mesmo tempo em que mudas sadias foram plantadas. Isso fez com que a doença se mantivesse no mesmo patamar”, relatou o pesquisador Renato Beozzo Bassanezi.

Regiões

A macrorregião Sul do parque citrícola, onde ficam as regiões produtoras paulistas de Limeira, Porto Ferreira e Casa Branca, continua a mais atingida, com 32,34% de plantas afetadas pela doença.

No entanto, a incidência do greening recuou 10,2 pontos porcentuais nessa região sobre a do ano, quando foram identificadas 42,5% das plantas dos seus pomares com sintomas da doença. A macrorregião teve 5.304 hectares de pomares arrancados no último ano e, em contrapartida, foram plantados 4.429 hectares.

No Norte do parque citrícola, que engloba regiões do Triângulo Mineiro, Bebedouro (SP) e Altinópolis (SP), a incidência da doença caiu de 6,81% para 5,74% das plantas. A macrorregião Noroeste, entre Votuporanga (SP) e São José do Rio Preto (SP), está com 2,29% das árvores com sintomas, ante 2,23% no ano passado. 

A macrorregião Sudoeste apresentou o maior aumento proporcional da doença, saindo de 4,72% para 6,38% de incidência, e na macrorregião Centro que engloba as regiões paulistas de Matão, Brotas e Duartina, a incidência do greening foi de 23,57% de laranjeiras afetadas para 26,97%.