Os dados são do projeto Canasat de mapeamento da cana-de-açúcar por imagens de satélite, do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE), que acompanha o avanço da cultura na maior região produtora do mundo desde 2005/2006.
O levantamento apontou que as lavouras de cana no Estado de São Paulo parecem ter chegado ao limite de avanço, após uma onda de crescimento da cultura no maior Estado produtor do país desde 2003. Em 2010/2011, a área paulista de cana disponível para a colheita atingiu 4,996 milhões de hectares, alta de apenas 2% ante os 4,897 milhões de hectares da safra passada, cujo crescimento ante 2008/2009 atingiu 10,18%. A quase estagnação no ritmo de avanço da cana em São Paulo coincide com o Zoneamento Agroclimático para a cultura no Estado, apresentado pelo governo paulista em meados de 2009, que limitou a expansão da cultura.
O Paraná, que chegou a ter o segundo maior canavial do país, teve uma área 630,15 mil hectares para ser colhida em 2010/2011, 0,2% menor que a de 631,93 mil hectares da safra passada. Sem aumento de área, o Estado caiu para o quarto lugar no ranking. Com um crescimento de 9,11%, para 726,34 mil hectares em 2010/2011, Minas Gerais tem a segunda maior área de cana, e com alta de 13,25%, para 630,65 mil hectares, Goiás superou o Paraná e saltou para o terceiro lugar no ranking.
? Há uma consolidação de projetos e do setor em Goiás, por isso há o crescimento da área no Estado ? afirmou Bernardo Rudorff, coordenador do projeto Canasat.
Para ele, a redução no crescimento da área de cana no centro-sul nos últimos anos é fruto da própria freada nos investimentos do setor sucroalcooleiro.
? Houve muita euforia nos anos passados e plantou-se mais cana do que poderiam colher; muitas usinas sequer ficaram prontas ? lembrou Rudorff.
O coordenador do Canasat avalia ainda que boa parte do aumento da área em 2010/2011 possa ser decorrente dos preços remuneradores do açúcar e não para a produção de etanol, que ditava o ritmo do avanço até então.
Se no Paraná a queda foi discreta, no Mato Grosso, a área de cana para ser colhida despencou 4,48% entre as duas últimas safras, de 264,27 mil para 252,41 mil hectares, de acordo com o levantamento do Canasat. Para Jorge dos Santos, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Álcool do Mato Grosso (Sindalcool), dois motivos levaram à redução no canavial e a consequente queda nos investimentos no setor no Estado.
? O mercado para ‘exportação’ do etanol mato-grossense sofre concorrência forte dos estados vizinhos, é incipiente e restrito apenas a Rondônia, Acre e Amazônia; por isso quem investe na produção corre o risco de tomar álcool de canudinho ? brincou.
? Há também o famoso Zoneamento Agroclimático do governo federal que, se não proíbe o plantio, impede a concessão de crédito para 80% da área do Estado, o que mata na origem a indústria canavieira, altamente dependente de capital ? concluiu Santos.
O Mato Grosso do Sul segue como destaque no crescimento porcentual da área de cana entre os maiores produtores. Após o avanço de 42,68% entre 2008/2009 e 2009/2010, para – de 290,99 mil hectares para 415,18 mil hectares – a área saltou mais 17,11% e atingiu 468,25 mil hectares. Pela primeira vez, o Canasat fez levantamento por satélite das áreas com cana no Espírito Santo, com 74,1 mil hectares, e no Rio de Janeiro, com 91,3 mil hectares.