Aumento das cotações do trigo no mercado externo anima setor no RS

Para economistas, no entanto, a alta ainda não provocou uma reação dos preços pagos ao produtor no BrasilO aumento da demanda mundial por trigo provocou uma alta das cotações internacionais. Apesar de não reagir na mesma proporção, o preço no Rio Grande do Sul subiu 10% desde o início do ano. A tonelada do cereal fechou nesta sexta, dia 28, sendo comercializada entre R$ 450 e R$ 460. No entanto, ainda está abaixo do preço mínimo estipulado pelo governo federal, que é de R$ 477.

Cristiano Pierdoná, que é produtor de trigo e cerealista, espera uma melhora no preço, já que agora o mundo está precisando do trigo brasileiro. Ele plantou 200 hectares nesta safra, recebe a produção de outros agricultores da região de Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul, e admite que o preço melhorou, mas é insuficiente. Vale mais a pena comercializar por meio dos leilões do Prêmio para Escoamento do Produto (PEP).

? Tanto é que 54% da safra gaúcha está sendo comercializada com apoio do governo, através de instrumento de comercialização via PEP. No Paraná, em torno de 20% da safra, cerca de 680 mil toneladas, foi comercializada via PEP ? diz Tarcisio Minetto, economista da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro).

Minetto afirma ainda que, tanto o Paraná quanto o Rio Grande do Sul, esperam que o governo faça ainda mais dois ou três leilões para dar liquidez à comercialização.

? Há uma contradição do ponto de vista dos preços aos produtores a nível interno, no Brasil, e as cotações no mercado internacional ? completa.

O PEP incentiva as exportações. Ao comprar do produtor brasileiro pelo preço mínimo, o exportador recebe um subsídio estabelecido nos leilões do governo federal, e consegue oferecer o trigo por um preço mais competitivo no mercado internacional.

A previsão é de que, pelo porto gaúcho de Rio Grande, saiam 1,5 milhão de toneladas, 200 mil a mais que na safra 2003/2004, quando o Estado começou a vender para o exterior.

Para Minetto, se não fosse o PEP e as exportações, a situação do setor seria complicada.

? Não se admite que nós temos uma demanda de 10,5 milhões de toneladas, produzimos 55% da demanda, mas temos que exportar trigo. Nós temos que ter a consciência a nível nacional também desse ponto de vista, de apoio interno. Porque gera emprego, gera renda, e você movimenta toda a questão da economia, da questão local, da questão regional.