Cristiano Pierdoná, que é produtor de trigo e cerealista, espera uma melhora no preço, já que agora o mundo está precisando do trigo brasileiro. Ele plantou 200 hectares nesta safra, recebe a produção de outros agricultores da região de Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul, e admite que o preço melhorou, mas é insuficiente. Vale mais a pena comercializar por meio dos leilões do Prêmio para Escoamento do Produto (PEP).
? Tanto é que 54% da safra gaúcha está sendo comercializada com apoio do governo, através de instrumento de comercialização via PEP. No Paraná, em torno de 20% da safra, cerca de 680 mil toneladas, foi comercializada via PEP ? diz Tarcisio Minetto, economista da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro).
Minetto afirma ainda que, tanto o Paraná quanto o Rio Grande do Sul, esperam que o governo faça ainda mais dois ou três leilões para dar liquidez à comercialização.
? Há uma contradição do ponto de vista dos preços aos produtores a nível interno, no Brasil, e as cotações no mercado internacional ? completa.
O PEP incentiva as exportações. Ao comprar do produtor brasileiro pelo preço mínimo, o exportador recebe um subsídio estabelecido nos leilões do governo federal, e consegue oferecer o trigo por um preço mais competitivo no mercado internacional.
A previsão é de que, pelo porto gaúcho de Rio Grande, saiam 1,5 milhão de toneladas, 200 mil a mais que na safra 2003/2004, quando o Estado começou a vender para o exterior.
Para Minetto, se não fosse o PEP e as exportações, a situação do setor seria complicada.
? Não se admite que nós temos uma demanda de 10,5 milhões de toneladas, produzimos 55% da demanda, mas temos que exportar trigo. Nós temos que ter a consciência a nível nacional também desse ponto de vista, de apoio interno. Porque gera emprego, gera renda, e você movimenta toda a questão da economia, da questão local, da questão regional.