Buva e adropogon são os vilões em Chapadão do Céu. Além do acréscimo no custo, o glifosato perdeu a eficiência no combate às ervas daninhas
Fernanda Farias | Chapadão do Céu (GO)
Os produtores do sul de Goiás estão enfrentando problemas para eliminar as plantas daninhas, que cresceram muito na região de Chapadão do Céu, a 480 km de Goiânia. Tem agricultor que precisa usar a enxada para retirar as mudas. O gasto chega a R$ 300 a mais por hectare. O conselho de especialistas é apostar no plantio convencional e planejar muito bem o manejo.
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Para ver a situação do plantio de soja em 12 municípios, a Equipe 1 da Expedição Soja Brasil rodou mais de 3.000 km entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ao chegar a Goiás, o cenário era de 24% do plantio feito no Estado, que tem produção esperada em 5,8 milhões de toneladas.
A chuva atrasou o início do cultivo, mas não isso não preocupou o produtor do sul do Estado tanto quanto as plantas daninhas, cuja estimativa é que 25% das lavouras da região sejam tomadas por ela. Em Chapadão do Céu, a buva está sendo um problema muito maior que o clima.
– A buva, ano após ano, vem se desenvolvendo. Cerca de 30% ao ano, dentro da nossa propriedade, com uma resistência que nós não temos dando conta de segurar. Eu já usei vários tipos de químicos: glifosatos e nada adiantou – afirma o produtor rural Cláudio João Gorgen.
No ano passado, a buva estava em 800 hectares da fazenda de Gorgen. Hoje, está em 1400. Como essa erva daninha compete diretamente com a soja, a quebra de produtividade chegou a 15% em 2013/2014, fato que pode se repetir nesta safra. O risco é o mesmo nas áreas em que há outra planta daninha importante: o andropogon. As folhas largas retém a água da chuva, o que impossibilita dela chegar ao solo e à soja.
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O desenvolvimento do andropogon é muito rápido. Em três meses, uma muda pode alcançar até três metros de altura. Como a planta está cada vez mais resistente aos defensivos químicos usados nas lavouras, a saída do produtor é usar a velha estratégia: eliminar a planta na enxada.
– Ela é nativa daqui, tem nas reservas e entra na lavoura. Com a aplicação do glifosato todo ano ela não morre mais. A tendência é não surgir um químico novo. E se não cuidar, não consegue colher – explica o agricultor Rogério Luís Hoffmann.
Gemerson Tomquelski, pesquisador da Fundação Chapadão, que fica localizada em Chapadão do Sul (MS) alerta que as sementes das plantas daninhas são levadas pelo vento e, também, através das máquinas usadas em áreas contaminadas. Segundo ele, a volta de um plantio convencional pode ser a solução.
– O produtor precisa entender que precisa de um bom planejamento para seu manjeo. Tem a volta de algumas moléculas, princípios ativos que eram usados antes da soja RR. Principalmente o 24D, que são herbicidas hormonais que tendem a controlar muito bem essa plantar. Mas o produtor precisa de mais estratégias e integrar com culturas de cobertura, controle químico e controle natural – orienta.
Só que para produtores que estão tentando combater o problema, como Gorgen e Hoffmann, tudo isso representa um aumento significativo no custo de produção.
– Gastamos R$ 300 por hectare a mais por ano onde tem o problema. Pagando produto, mão-de-obra e combustível para passar a niveladora – comenta Rogério Hoffmann.
– Se nós voltamos ao método convencional e preparar o solo, automaticamente os custos se elevarão. Cada passagem de máquina no solo ele de 3 a 5% de preparação para o cultivo – completa Cláudio Gorgen.
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