Aumento da oferta de café faz preços pagos ao produtor caírem em São Paulo

Só em março valores tiveram queda de 9% no EstadoA colheita do café no Estado de São Paulo ainda não começou e produtores já esperam uma queda nos preços pagos pelo grão. Com a safra alta da cultura, a expectativa do Instituto de Economia Agrícola (IEA) é de que a oferta cresça 28% na comparação com 2011. A colheita em São Paulo deve atingir 5,04 milhões de sacas, contra 3,92 milhões da safra passada. Pela estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a produção brasileira deve atingir 50,61 milhões de sacas este ano.

A alta na oferta tem reflexo no preço. No levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em março, a cotação caiu 9% durante o mês, passando de R$ 417,6 no dia 1º para R$ 381,8 no dia 30.

O gerente da cooperativa do município de Espírito Santo do Pinhal, Daniel Gozzoli, diz que o preço pode cair ainda mais. O café que vai ser colhido na região só vai ser negociado em junho ainda.

— A planta está vigorosa, bonita, encorpada, mas quando você entra dentro do cafezal, você percebe que faltam grãos. Obviamente que tem exceções, aonde você vai ter uma produtividade acima da média, excelente, mas a gente percebe que possivelmente possa ter uma surpresa com relação ao número definitivo de café colhido na safra 2012. A tendência é de que o preço tenha um piso de R$ 350, não menos que isso.

O produtor rural Célio Porto diz estar preparado para receber menos quando começar a colher. Há 30 anos no negócio, Porto afirma que a produção precisa ser mais eficiente.

— Eu acho que o governo deveria fazer um reordenamento da produção. Aquele médio cafeicultor que com 6,5% da produção escalonada até 2025 não sobreviveu, deveria haver um incentivo do governo pra ele deixar a atividade. Para quê? Diminuir a oferta — comenta o produtor.

O gerente da cooperativa diz que a situação dos produtores poderia ser melhor hoje, apesar da queda de preços. Isso, se eles tivessem aproveitado a oportunidade na safra passada, quando o preço chegou aos R$ 500.

— O produtor teve uma oportunidade interessante no final do ano passado de fazer vendas futuras e acreditou em um mercado ainda melhor, o que acabou não acontecendo e, por consequência, acabou prejudicando esta nova safra. Se ele tivesse feito o dever de casa, destinado 20%, 30% de sua produção no momento certo, este café estaria precificado aí na casa dos R$ 440, o que daria uma boa sustentação de mercado — comenta Gozzoli.