Aumento da oferta em Mato Grosso do Sul causa baixa no mercado de boi em fevereiro

Para Abiec, setor deve passar por uma readequação até março e recuperar índices no segundo semestreO mercado físico brasileiro de boi esteve em forte movimento de baixa em fevereiro. Conforme o analista da agência Safras e Mercado Paulo Molinari, o motivo foi a forte pressão de venda em Mato Grosso do Sul neste mês, com o aumento da oferta e com a tentativa de levar os preços para baixo de R$ 80 em São Paulo.

? A baixa foi acentuada, diante da queda nas exportações de carne bovina e do aumento de oferta em Mato Grosso do Sul ? afirmou o analista.

Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Otávio Cançado, até março o setor deve passar por uma readequação de mercado e, no segundo trimestre, será possível ter uma prévia de como vai caminhar o setor.

Ele acredita que o setor deve recuperar seus índices no segundo semestre e alcançar níveis iguais ou um pouco inferiores aos registrados no segundo semestre de 2008. Assim, o Brasil poderá voltar a exportar em 2010 em ritmo de franca ascensão, com todos os mercados abertos, e gerar renda, emprego e saldo na balança comercial.

Na avaliação do dirigente da Abiec, a recuperação do preço dependerá da demanda dos países importadores, que queimaram estoque no final do ano passado e, agora, estão voltando a comprar do Brasil. De acordo com Cançado, as indústrias estão trabalhando com volume maior para manter a mesma renda, mas a tendência é que ocorra um ajuste de preços.

Isso depende da demanda e da volta do crédito tanto para o exportador quanto para o importador da carne brasileira. Ele afirma que o problema do setor não é de demanda, e sim de crédito ? no Brasil e no Exterior.

Cançado explicou que os preços das carnes nobres têm caído no mercado interno nos últimos meses devido a um reflexo da crise econômica global e da queda das exportações. É que, com a previsão de exportações não confirmada, o excesso de produção foi desviado para o mercado interno, que ficou superaquecido.

O diretor-executivo da Abiec ressaltou ainda que já se enxerga a possibilidade de protecionismo com relação ao setor da carne bovina brasileira, mas que a entidade fará articulações com o governo e também procurará os países que insistirem em adotar qualquer medida restritiva.