Os primeiros produtos agrícolas geneticamente modificados surgiram no mundo há 15 anos. O Brasil reconheceu o uso dos transgênicos apenas em 2005, com a soja resistente ao glifosato. Em 2009, veio o primeiro para controle de insetos. De lá para cá, os novos produtos lançados mudaram a forma do agricultor brasileiro de trabalhar.
O engenheiro agrônomo André Franco e o professor Luiz Carlos Federizzi participaram do painel “O produtor rural como agente de mudança no uso de biotecnologias”, no seminário da Cooplantio e concordaram que o fim das discussões ideológicas sobre o tema ajudaram a agilizar a adoção dos transgênicos no país.
Para André Franco, essa rapidez nos lançamentos e na adoção das tecnologias exige que o produtor seja cada vez mais consciente da sua importância no processo.
? O produtor vai ter que passar a utilizar biotecnologia, mais germoplasma eficiente e adequado para sua região e mais práticas agronômicas. Biotecnologia sozinha não é a solução. Ele tem que trabalhar com um composto destes três fatores. A outra coisa importante são algumas práticas novas que o produtor não praticava até alguns anos atrás e passa a ser parte corrente da vida dele como, por exemplo, áreas de refúgio para as tecnologias de resistência a insetos e técnicas de manejo ? disse André Franco, diretor de marketing da Monsanto.
O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Luiz Carlos Federizzi, orienta que o produtor esteja sempre alerta sobre as novidades, mas que só implante as tecnologias que realmente precisa.
? O momento agora é do produtor ter informação mais detalhada, porque vão vir muitos produtos diferentes. As empresas realmente estão competindo. Quer dizer, é uma combinação de Bt, diferentes proteínas de Bt com glifosato. Isso certamente, para muitos produtores, não é necessário, de repente o antigo ainda serve. Não usar sempre a mesma variedade, de repente proteínas diferentes para o Bt vão ajudar a fazer um controle melhor. A agricultura está mais complexa, não é só largar a semente e ver o que acontece. Ela está muito mais complexa, e essa complexidade exige educação ? falou Luiz Carlos Federizzi, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
O produtor de soja e milho Idalino Dal Bello, de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, usa a tecnologia desde o final dos anos 90 e, hoje, não saberia plantar de outra forma.
? O benefício é muito. Se não fosse a transgenia, não teria como plantar a soja, pois se tornaria inviável, com o mato competindo. Até hoje a gente tenta pegar as variedades mais produtivas, porque queremos ter mais lucro ? observou o produtor.
Seu Idalino está consciente de que precisa fazer a sua parte além de adquirir sementes transgênicas para que a tecnologia dê certo.
? No milho tem que ter uma faixa de refúgio limitando o vizinho, caso ele queira plantar outra variedade. Então, isso a gente tem que respeitar, para não se criar mais coisa resistente igual ao que se criou com o glifosato ? concluiu Idalino.