Ausência de acordo com empresários adia votação da MP dos Portos

Governo não aceitou entendimento do relator com os concessionários dos portos sobre adequação dos contratos antigos às condições estabelecidas pela Medida ProvisóriaO governo federal não aceitou o entendimento feito entre o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), relator da Medida Provisória 595, a MP dos Portos, com os concessionários dos portos do país. Segundo a proposta rejeitada pela Casa Civil, os empresários poderiam renovar os contratos anteriores à Lei dos Portos (8.630/93) se apresentassem plano de investimento de três anos em até 30 dias para a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Já os concessionários com contratos assinados após a lei,

A principal reivindicação do governo é a adequação dos contratos antigos às condições estabelecidas pela MP para minimizar a concorrência com os novos terminais.

– O governo quer ter o direito de fazer essa gestão [nos portos]. Não poderia haver as amarras contratuais – declarou Braga.

O relator reconheceu, no entanto, que a posição governamental não tem apoio na comissão.

Uma nova proposta deve ser negociada com o setor para viabilizar a apresentação do relatório final à comissão mista que analisa a proposta até quinta, dia 18. O texto seria apresentado na última quarta, dia 10, durante a reunião do colegiado, mas o encontro acabou cancelado. Não há outra data agendada para a apresentação.

Para não perder a validade, a medida precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado até o dia 16 de maio.

Greve

Os trabalhadores do setor portuário convocaram na terça, dia 10, uma greve de 24 horas para a próxima quinta, dia 18. Segundo o presidente da Federação Nacional dos Estivadores, Wilton Ferreira Barreto, também não houve consenso entre os sindicatos e o relator do projeto, Eduardo Braga.

 – É o governo que está querendo essa greve, porque não está cumprindo o que prometeu aos trabalhadores – disse Barreto.

De acordo com ele, cerca de 40 mil trabalhadores dos 36 portos públicos devem aderir à paralisação, que também é um ato de protesto contra as ações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que monitorou o movimento sindical portuário em 15 Estados litorâneos. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, no entanto, negou que a vigilância tivesse motivação política.