Segundo o pesquisador, raramente utiliza-se inseticida para o combate às lagartas do gênero Helicoverpa (Helicoverpa armigera e Helicoverpa punctigera) na Austrália. O controle da praga no país é realizado através do uso de variedades de algodão geneticamente modificado, o Bollgard II.
O produto, da segunda geração de variedades geneticamente modificadas resistentes a insetos, foi aprovado em 2009 no Brasil, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. Segundo Murray, quase todo o cultivo de algodão ocorre dessa forma na Austrália.
– Para que a eficiência da tecnologia pudesse ser preservada até hoje, um Plano de Manejo de Resistência de helicoverpa à Bollgard II foi elaborado e é seguido à risca pelos produtores desde o início do cultivo da tecnologia – explica o pesquisador.
O plano de manejo, acrescenta Murray, sofre alterações em todas as safras. Há quatro operações distintas: uso de refúgio – mandatório e realizado pelos produtores em configurações estabelecidas pela pesquisa; semeadura dentro de uma janela definida de cultivo também estabelecida pela pesquisa; destruição das pupas da praga no solo ao final da safra (refúgios e cultivos); e monitoramento da resistência de populações da praga às toxinas de Bt (Bacillus thuringiensis) de Bollgard II a cada safra.
Na prática australiana, os inseticidas só são utilizados caso existam pragas sugadoras. Mas as aplicações não podem passar de três. Desta forma, algumas safras chegam a ficar sem aplicação de químicos.
O plano de manejo australiano será um dos destaques na discussão sobre o controle da helicoverpa durante o 9º Congresso Brasileiro do Algodão, que será realizado entre os dias 3 e 6 de setembro, em Brasília.
David Murray é um entomologista que atua junto ao governo de Queensland, na Austrália, há mais de 38 anos. Ele passou os últimos 30 anos trabalhando em estreita colaboração com o setor do algodão australiano em Emerald e Toowoomba. Seu trabalho tem sido voltado às questões de manejo integrado de pragas, com grande foco em helicoverpa.