A sugestão de acabar com as cotas foi feita nesta terça pelo secretário de Alimentos e Agricultura do Reino Unido, Jim Paice, e pelo diretor-geral para Agricultura da Comissão Europeia, José Silva Rodriguez, durante o 20º Seminário da Organização Internacional do Açúcar (OIA), que está sendo realizado em Londres.
? Estamos convencidos de que o sistema de cotas tem de desaparecer a partir de 2015 ? afirmou Rodriguez.
Ele defende que os produtores europeus invistam mais em pesquisa e inovação de forma a elevar a competitividade para estarem presentes no mercado global. Na avaliação de Rodriguez, “não faz sentido” que as empresas europeias deixem de participar da expansão mundial. Futuramente, ele avalia que o continente irá tanto importar mais, como exportar mais.
? O sistema de cotas está distorcendo a operação do mercado ? disse Paice.
Para ele, o crescimento da população mundial e da demanda traz oportunidades para o Reino Unido e toda a Europa.
? Está claro que os produtores britânicos terão oportunidade de participar da oferta mundial ? acrescentou.
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O setor de açúcar europeu passou por fortes mudanças com a reforma de 2006, responsável pela alteração de subsídios e cotas. Segundo Rodriguez, com as mudanças, o volume de cotas representa hoje 76% do que era antes da reforma. A produção também ganhou ênfase nas zonas mais eficazes: as áreas menos competitivas representam 5% das cotas, de 12% anteriormente.
A cotação internacional do açúcar ultrapassou o preço de referência praticado pela União Europeia, o que não era esperado.
? Com a inversão na hierarquia, a UE não está mais tão atrativa para as exportações de países menos avançados ? disse Rodriguez.
Em outubro deste ano, a Comissão Europeia divulgou novas propostas para mais mudanças. O fim do regime de cotas em 2015 está sendo discutido nessa esfera. Trata-se de uma demanda dos países em desenvolvimento que se veem prejudicados pela política agrícola europeia.
? O Brasil quer o livre comércio, esse é o sistema que nós usamos ? afirmou à Agência Estado o diretor do Departamento de Cana-de-açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, José Gerardo Fontelles.
As afirmações sobre o fim do regime de cotas provocaram repercussão e polêmica imediatas. Representantes da indústria da França manifestaram-se dizendo que seria muito precipitado acabar com o sistema já em 2015.
