A amostra coletada de arroz é de uma fazenda que fica a 60 quilômetros da usina. Em Fukushima, houve explosões e vazamentos decorrentes dos abalos sísmicos e do tsunami. Por segurança, várias cidades da região foram esvaziadas e alimentos produzidos na área suspensos para venda e consumo.
De acordo com o governo japonês, o arroz contaminado não foi colocado à venda. As autoridades cogitam cancelar todos os carregamentos de arroz provenientes do local onde as amostras com césio foram encontradas. Segundo especialistas, há dificuldades em rastrear a radiação, que se espalhou com o vento e a chuva depois do desastre em Fukushima.
Governos locais instalaram centros de teste para assegurar que produtos contaminados não cheguem à cadeia alimentar. Em Tóquio, amostras de alimentos são testados em mercados na capital japonesa para acalmar os consumidores.
Conforme cientistas do Instituto de Pesquisa Meteorológica de Tóquio, a maior parte do vazamento radioativo foi parar no oceano e, arrastado pelas correntes marítimas, circulou pelo planeta. O principal material é o césio-137, que leva 30 anos para perder metade de sua potência radioativa. O resto teria caído na terra em Fukushima e entorno.
Conforme o jornal espanhol El País, pesquisadores também detectaram que as partículas radioativas podem ter contaminado o solo em zonas situadas a mais de 500 quilômetros das instalações nucleares atingidas. O estudo foi divulgado pela revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos e agências internacionais.
Riscos à saúde
Apesar do alerta sobre a radioatividade no solo japonês, os níveis de contaminação estão longe de representar risco à saúde, tranquiliza o ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (entre 2003 e 2011) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro Odair Dias Gonçalves.
As doses radioativas dispersadas no ar e no mar são tão ínfimas, pondera Gonçalves, que há alimentos saudáveis mais radioativos, como a castanha-do-pará. A exposição às partículas, fora das regiões onde estão localizadas as usinas, é inferior, por exemplo, às doses encontradas em um cigarro com filtro ou à radiação que uma pessoa fica exposta ao cruzar um oceano de avião.
? A radiação distribuída é um valor absolutamente desprezível para o resto do mundo ? afirma Gonçalves.