Caminhoneiros chegam a esperar oito dias apenas para descarregar a mercadoria no pátio. Em abril, a previsão é de que o movimento seja ainda maior. Por isso, algumas ações para amenizar o congestionamento estão sendo implementadas no local.
O programa Carga Online é uma das novidades. O sistema distribui, via internet, senhas aos motoristas, que só devem viajar à Paranaguá depois de receberem o sinal verde da administração portuária, medida que evita filas e desordem.
– Não adianta mandar a carga antes porque [o motorista] vai parar. Adianta mandar dentro da programação e aí obter o melhor êxito, que é o caminhão chegar rapidamente, descarregar rapidamente, retornar para sua origem rapidamente e conseguir fazer novos fretes e novos ciclos – destaca o superintendente do Porto de Paranaguá, Luiz Henrique Dividino.
A plataforma na web conecta os trabalhadores do terminal, o grupo que envia os produtos e a equipe que cuida da programação desta carga. Com a ação, todos os envolvidos podem ter informações em tempo real. Os motoristas já aprovaram a agilidade do sistema.
– Funciona. Se você chegar sem cadastro no porto, não entra – diz o caminhoneiro Paulo Ferreira dos Santos.
O ajuste de senhas alivia o trânsito na cidade, mas não resolve a demora durante o processo de embarque dos grãos. Outras medidas estão sendo tomadas, como a dragagem de manutenção dos pontos críticos do canal de acesso, realizada em duas etapas. A primeira, finalizada em dezembro do ano passado, dragou o acesso ao Porto de Paranaguá. A segunda, em fase de finalização, realizou o mesmo trabalho no Porto de Antonina. A obra, que custou R$ 37 milhões, garante um calado acima de 13 metros.
– [A dragagem] permitiu atender navios maiores em qualquer tempo, tendo boas condições de mar, de onda e vento. Com dragagem maior, se tem segurança e o navio pode entrar e sair a qualquer hora e a qualquer momento do dia – destaca Dividino.
A mudança que promete uma grande agilidade no porto, no entanto, não deve chegar a tempo de receber a supersafra deste ano. Quatro dos seis shiploaders, equipamentos fundamentais para o carregamento dos grãos, que funcionam no corredor de exportação, serão substituídos. Os atuais são da década de 70 e possuem capacidade para carregar 1,5 mil toneladas por hora. Na prática, em função do desgaste natural do tempo, as estruturas carregam menos de 1 mil toneladas. Os novos equipamentos poderão carregar duas mil toneladas por hora, o que deve aumentar a produtividade em 30%.
– Abriremos a licitação em abril para substituir quatro equipamentos de última geração, que darão um ganho direto de 30% na velocidade de carregamento, o que certamente se transformará, em um segundo momento, em produção, redução de tempo e redução de custos – acrescenta o superintendente.
Apesar do otimismo e do aparente controle no porto, o pico da safra ainda não começou e o movimento deve aumentar de forma significativa. O assessor técnico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Nilson Hanke Camargo, que há anos estuda o complexo portuário de Paranaguá, afirma que o porto está no caminho certo, mas que as medidas que realmente devem a fazer a diferença vão demorar a aparecer.
– São investimentos de médio para longo prazo. Tomara que ano que vem a gente já tenha pelo menos os shiploaders trocados, todos os equipamentos melhorados, talvez uma dragagem nos berços de atracação já realizada e a dragagem de manutenção possibilitando a entrada de navios maiores, como está sendo acenado para Paranaguá. Mas não creio que no ano que vem nós tenhamos uma melhora muito significativa – afirma Camargo.
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