O PIB da agropecuária recuou 3,5% no terceiro trimestre em relação ao segundo período do ano e caiu 1% ante igual período de 2012. Manteli lembrou de um dado da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) do início da década de que o Centro-Oeste deixa de produzir mais de 3 milhões de toneladas por conta de problemas no escoamento da safra.
– É evidente que isso ainda continua ocorrendo – afirma.
O presidente da ABTP também culpa a excessiva e burocrática carga tributária brasileira e cita um dado do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).
– Nos últimos 25 anos foram feitos 4,7 milhões de leis, normas, portarias e outras regras, sendo 3,5 mil normas tributárias. O custo da burocracia tributária para as empresas chega ao absurdo de R$ 45 bilhões.
Futuro
Manteli acredita que os mesmos problemas que influenciaram no desempenho da economia no terceiro trimestre continuarão no último período do ano. Em relação a 2014 a injeção de otimismo no setor poderá ocorrer com o avanço dos processos licitatórios dos portos do país e a prorrogação dos arrendamentos de terminais que já possuem um plano de investimento.
– Todo o processo de licitação vai gerar uma recuperação grande, que vai influir na exportação e, consequentemente, no PIB – finaliza, remetendo a um possível aumento da taxa de investimento no ano que vem. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 2,2% no terceiro trimestre contra o segundo trimestre do ano. Na comparação com o terceiro trimestre de 2012, a FBCF subiu 7,3%, conformou anunciou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esforços do governo
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lembrou nesta terça, dia 3, por meio de nota, que a licitação de um dos principais corredores de exportação de grãos do país, a BR-163, vencida na semana passada pelo Grupo Odebretch, é um dos esforços logísticos empenhados pelo governo federal para solucionar o escoamento de grãos no país.
– A perspectiva logística do agronegócio brasileiro realça uma inversão de rotas aos portos exportadores, com maior ênfase para os terminais portuários das regiões Norte e Nordeste, criando um novo corredor de escoamento da safra agrícola e trazendo maior viabilidade econômica aos produtores dessas regiões – explica o representante do Departamento de Infraestrutura e Logística do Mapa, Carlos Alberto Batista.
– Essa reviravolta só se faz possível com vultosos investimentos em obras na malha rodoviária, ferroviária e hidroviária da metade norte do país – acrescenta Batista.
Em 30 anos de contrato, serão investidos R$ 4,6 bilhões no trecho entre Sinop e Itiquira na rodovia BR-163/MT. Pelo trecho concedido, são escoadas atualmente mais de 10 milhões de toneladas de grãos por ano, segundo dados do Mapa. A BR-163/MT é uma das principais vias de escoamento da região Centro-Oeste.
A duplicação de 453,6 quilômetros da BR-163 aliviará o atual movimento de cargas em direção ao porto de Santos (SP) e Paranaguá (PR). No sentido norte da rodovia, os caminhões poderão trafegar até o Pará, em direção ao sistema portuário Miritituba/Santarém, que está sendo preparado para se tornar novo polo de exportação brasileira.
A partir de Sinop no Mato Grosso, limite norte da concessão da BR-163/MT, até Guarantã do Norte (MT), a rodovia já está implantada. De Guarantã do Norte (MT) até o porto de Santarém (PA), as obras de implementação já foram iniciadas pelo DNIT e devem ser concluídas em dezembro de 2015.
No sentido sul, a BR-163/MS também será concedida, pelo Programa de Investimento em Logística, desde a divisa de Mato Grosso com o Mato Grosso do Sul até os limites com o estado do Paraná, informou o Ministério dos Transportes.
O gargalo no escoamento da produção agrícola faz parte da pauta permanente da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio composta por 65 instituições públicas e privadas e coordenada pelo Departamento de Infraestrutura e Logística da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Mapa (Diel/SDC/Mapa), que busca despachar os encaminhamentos da instância aos órgãos que elaboram as políticas específicas sobre o tema.
Na última quinta, dia 28, os ministros da Agricultura, Antônio Andrade, da Secretaria de Portos, Antonio Henrique Silveira, e dos Transportes, César Borges, estiveram reunidos para discutir medidas que minimizem os problemas provocados nas cidades devido ao transporte da produção, que começa a ser mais intenso no início de 2014. Como a maioria das obras está em andamento, as principais soluções imediatas deverão ser de gestão.