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Avanço das lavouras de soja transgênica deve diminuir em Mato Grosso, dizem especialistas

Vantagens competitivas do grão convencional podem ser decisivas na hora do agricultor escolher as sementes que irá cultivarO avanço das lavouras de soja transgênica em Mato Grosso deve ter o ritmo diminuído nas próximas safras. Especialistas do setor acreditam que as vantagens competitivas do grão convencional podem ser decisivas na hora do agricultor escolher as sementes que irá cultivar.

O produtor rural José Luiz Picolo planta cinco mil hectares de soja na região médio-norte do Estado e há três anos começou a utilizar sementes transgênicas no cultivo da lavoura, com o objetivo de facilitar o manejo e o controle de pragas e ervas daninhas. Só que o agricultor não quis abrir mão do uso de cultivares convencionais, que hoje ainda ocupam 40% da área plantada.

Pensamentos como este sinalizam uma possível mudança no atual cenário da sojicultura mato-grossense, que mesmo com um ritmo mais lento que o registrado nos campos do Sul do país, viu a transgenia avançar rapidamente.

Desde que o cultivo da soja transgênica foi autorizado no Brasil, o espaço ocupado pelas sementes convencionais sofre reduções. Na safra atual, por exemplo, as lavouras não-transgênicas ficaram confinadas em aproximadamente 35% da área total semeada aqui em Mato Grosso. Mesmo assim, as perspectivas para quem aposta neste tipo de mercado são bastante otimistas.

Os números da Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange) indicam um percentual diferente do estimado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea). A entidade fala que a área ocupada pela soja convencional é 5% menor que a apontada pela Abrange. Apesar da diferença, a expectativa para as próximas safras é de que a disputa entre sementes transgênicas e convencionais viva uma nova realidade, impulsionada por um cenário favorável aos produtos livres de transgenia.

— Há duas semanas a União Europeia aprovou a rotulagem das carnes. Como 80% do farelo importado é transgênico, vimos uma mudança muito grande. Isso deve ter impacto muito forte e interessante para a gente. No caso do mercado externo é o acesso ao mercado, acabamos deslocando mercados competidores como EUA e Argentina e acabamos sendo primeiro fornecedor natural para estes mercados. Para o Brasil, internamente, é possibilidade de agregar valor — afirma Ricardo Tatesuzi de Sousa, diretor-executivo da Abrange.

Diante das vantagens, a Abrange prevê uma consolidação do mercado convencional. No Brasil, 28% das lavouras não são transgênicas, segundo a entidade. A perspectiva é de que num futuro próximo este percentual cresça um pouco e se estabilize em torno dos 30%. Segundo os especialistas, a maior competitividade pode trazer outros benefícios para os agricultores, como materiais mais produtivos e até uma queda nos preços dos royalties pagos pelos transgênicos. Para a Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat) é a demanda quem vai direcionar o mercado. E o cenário positivo aos convencionais já provoca mudanças nos campos de produção.

— Hoje podemos dizer que temos 65% a 70% de sementes transgênicas produzidas. Há dois anos achamos que chegaria a 90%, por conta da demanda. Depois do começo do programa soja livre e demanda de empresas por convencional e início dos prêmios, estamos vendo que estabilizou nesse número — diz Pierre Patriat, presidente da Aprosmat.

Em um Dia de Campo realizado em Lucas do Rio Verde, 11 cultivares convencionais foram apresentadas. A iniciativa faz parte do programa Soja Livre, que defende a liberdade de escolha do produtor como o segredo para a busca da rentabilidade.

— Nós já conseguimos com programa diminuir a velocidade do transgênico. O mercado é altamente atraente a compradores da Europa, grande parte do Japão e
Coreia. Isso garante que seja um produto especial — afirma o coordenador do programa Soja Livre, Clóvis Albuquerque.

O programa Soja Livre está realizando Dias de Campo em várias cidades de Mato Grosso para apresentar as opções de cultivares convencionais de soja indicadas para o Estado. Nesta semana os agricultores de Diamantino e Deciolândia recebem a caravana.

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