A B3 lançou nesta quinta-feira o contrato Futuro de Soja Brasil, que começará a ser negociado a partir de 29 de novembro na B3 e também na Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês). O produto foi desenvolvido em parceria com a CBOT e o CME Group, do qual a CBOT faz parte, a partir de um acordo estabelecido entre as duas bolsas em 2020, segundo nota da B3.
O contrato tem como referência o preço de exportação da soja no porto de Santos (SP) e liquidação financeira calculada em dólares por tonelada pelo índice S&P Global Platts. Para negociá-lo, os participantes precisarão apenas ter uma conta em uma corretora, de acordo com a B3. Além do contrato futuro, também estão sendo listadas as opções de compra e de venda sobre o futuro de soja Brasil.
“Até agora, para [uma empresa nacional] fazer hedge dos grãos negociados, era preciso recorrer à Bolsa de Chicago. A correção entre os preços da soja brasileira e americana sempre foi grande, porém nos últimos anos houve um descolamento, o que dificultou bastante a vida dos agentes da cadeia produtiva brasileira”, afirmou no comunicado o superintendente de Commodities da B3, Louis Gourbin.
“O agronegócio brasileiro é uma referência mundial, nossos produtos precisam refletir isso. O novo derivativo chega para atender essa necessidade e ser uma ferramenta de gestão de risco de preço Brasil”, acrescentou. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de soja, com 134 milhões de toneladas de grãos colhidas em 2021 (dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE), conforme destacou a B3 na nota. “Apesar dessa relevância, muitas empresas nacionais que atuam nesse segmento encontram dificuldades para acessar instrumentos de proteção financeira adequados (hedge)”, ponderou a bolsa.
No dia 31 de agosto, a criação do contrato foi aprovada por órgãos reguladores brasileiros. Desde 2007, a B3 e o CME Group mantêm um acordo de cooperação técnica voltado ao desenvolvimento de serviços de tecnologia e contratos futuros de soja negociados nas duas bolsas, com o objetivo de conectar participantes globais desse mercado ao setor agrícola brasileiro.
“Essa conexão é importante pois traz o mundo para o Brasil e [leva] o Brasil para o mundo. O mercado de soja é internacional, mas possui dinâmicas de produção e comercialização distintas por geografia, o que traz a necessidade de novos produtos regionais”, disse Gourbin.