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Bahia: com quebra de safra, sojicultor terá dificuldade com custo de R$ 61 por saca

Segundo levantamento da Conab, estado terá uma das maiores reduções de safras entre os estados brasileiros. Produtor relata colheita de 65 sacas por hectare na média

Carolina Lorencetti, de Barreiras (BA)
As chuvas que chegaram à região oeste da Bahia estão dando esperança para o produtor de soja que andava preocupado com os veranicos e a produtividade. Por enquanto a estimativa é de que a produção desta safra fique 21% menor nesta temporada no estado todo. Outro fator também tem tirado o sono de quem produz é o custo de produção, que na região é de R$ 61 por saca.

Depois de dois veranicos, a chuva finalmente veio ajudar as lavouras de soja da fazenda que Fernando Azambuja gerência, em Barreiras (BA). “Não vou reclamar. mas poderia ter vindo há uns 20 dias, com mais intensidade. Mas ainda temos muita soja em enchimento de grãos, vai ser bom receber essa chuva”, afirma ele.

Alguns talhões foram afetados pelo veranico durante a fase de enchimento de grãos e por isso que, agora na colheita, estão apresentando tamanho e peso menores que o normal. A expectativa era de 200 gramas por mil grãos, mas a realidade é de 150 gramas. “Essa soja, que a gente esperava em torno de 75 sacas por hectare, vamos colher em torno de 65, Em geral nós vamos colher bem, mesmo com esse período de veranico”, afirma.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção de soja do estado será 21% menor, ficando em quase cinco milhões de toneladas. A produtividade deve cair de 66 para 53 sacas por hectare, em média, como resultado das chuvas irregulares.

Outro problema que o agricultor enfrenta na região oeste da Bahia é o custo de produção, o mais alto na comparação com outras regiões produtoras de soja do país. Segundo a CNA , em Barreiras, os gastos chegam a R$ 61 por saca.

“A gente investe muito no solo, além de nosso custo com fungicidas, inseticidas, que também é muito alto. Com isso, nosso custo aqui deve ser um dos maiores do Brasil. Sem contar o acréscimo do tabelamento de frete, né? Isso está tirando nossa renda, porque ficou mais caro para transportar essa soja até o porto”, ressalta o presidente da Aprosoja Bahia, Alan Juliani.

Até agora a Aprosoja estima que 35% da safra tenha sido comercializada. Na estado, com o ciclo médio de 130 dias da soja, a colheita é mais concentrada a partir de abril. Em uma safra em que os produtores de todo o país tiveram que lidar com as chuvas irregulares, o manejo tem feito a diferença. Plantar soja na areia, como acontece ali, exige perfil de solo e boa palhada. Essa cobertura ajuda a reter a água que andava faltando.

“Temos um solo caracterizado por um teor de areia bastante acentuado e isso faz com que, somado às condições climáticas, a planta tenha uma evapotranspiração muito forte. Em uma condição de solo sem uma boa palhada, haverá perda excessiva de água, trazendo grandes prejuízos para produção da soja”, finaliza o pesquisador da Embrapa.

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