Fazenda que plantou nova variedade, fica em Luís Eduardo Magalhães e conta com apoio de institutos de pesquisa, como a Embrapa. Por lá, outras 42 cultivares passam por análises, entre elas plantas resistentes a seca e a nematoides
Carolina Lorencetti, de Luis Eduardo Magalhães (BA)
Na região oeste da Bahia uma variedade de soja tem chamado a atenção de muitos produtores. Ainda em fase de testes, a cultivar apresenta resistência a pior doença da oleaginosa: a ferrugem asiática.
Só na fazenda em que Renato Mercer faz consultoria, em Luís Eduardo Magalhães (BA), 42 cultivares de soja estão sendo testadas nesta safra em parcerias com institutos de pesquisa, como a Embrapa. Claro, que o que vai definir quais delas estarão na próxima safra é o desenvolvimento de cada uma com as condições de clima e solo da região.
“Buscamos principalmente variedades com resistência a nematoides, ciclo e potencial de produção. Que expressem a genética com excelência, alta produtividade, permitindo ao produtor colher bem já na primeira safra e explorar a segunda safra com qualidade”, afirma Mercer.
A segunda safra no oeste da bahia é limitada pela janela curta de plantio e pelo volume de chuvas. Vale ressaltar que 40 mil hectares de soja no estado são irrigados, pois se alternam com o ciclo do algodão. O produtor que faz duas safras se interessa por variedades como esta, de ciclo precoce. Ela é mais alta que o normal, mas nem por isso tomba.
“O plantio de materiais precoces vem para suprir a necessidade de se fazer uma segunda safra com qualidade. O papel da área de ensaio de pesquisa é justamente analisar os materiais e disponibilizar a informação para que o produtor possa escolher o material mais adaptado e com melhor rendimento de produtividade”, afirma o responsável pelo desenvolvimento de mercado da Embrapa, Simoni Ribas.
A região também exige que a soja seja resistente à períodos de seca e alcance boa produtividade. E para atender essa demanda a Embrapa desenvolveu outra variedade com estas características, de ciclo tardio. Olhando nem parece que a planta enfrentou dois veranicos nesta temporada. Mas isso não acontece do dia para a noite, já que do laboratório até o campo, são pelo menos oito anos de pesquisa.
Entre as muitas variedades testadas, uma chama atrai mais a atenção dos sojicultores do estado: uma soja tolerante à ferrugem asiática, da Embrapa. Nesse caso, a doença se espalha menos e mais lentamente pela planta e com isso o número de aplicações de fungicidas é menor.
A variedade de ciclo de 120 dias, ainda passa por análise para depois ser usada no campo pelos produtores, mas já tem registro no Ministério da Agricultura. Na safra passada, segundo o Consórcio Antiferrugem, foram 72 casos da doença no estado, contra um caso desta temporada até por ter mais períodos de seca. De acordo com dados da Embrapa, a ferrugem custa ao Brasil, US$ 2,8 bilhões por ano, com aplicações de fungicidas e em perdas de produção. Por isso, ter uma planta tolerante à principal doença da soja no país é um passo importante para o produtor
“Além do uso de uma variedade com tolerância à ferrugem, é importante o produtor fazer o monitoramento adequado, usar a semeadura antecipada dentro da época indicada para região. Usar os melhores produtos e fungicidas, rotacionar os grupos químicos dos fungicidas, que é bastante importante. Dose e intervalo de aplicação também entra nessa indicação é usar o vazio sanitário”, diz o pesquisador da Embrapa, Geraldo Carneiro.