A fraca demanda por derivados de cacau no mercado interno brasileiro está resultando em aumento dos estoques de matéria-prima e baixo volume de moagem. O processamento de cacau no país está diminuindo pelo terceiro ano consecutivo e não há sinais de recuperação da demanda, de acordo com a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).
Além disso, a AIPC cita enormes divergências entre o recebimento efetivo de cacau nacional pela indústria processadora e as estimativas de produção informadas pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a AIPC, o IBGE mantém a expectativa de crescimento da produção, mas isso não vem se confirmando com os recebimentos.
– Alguns interlocutores do setor produtivo continuam citando safra de 290 mil toneladas de cacau, mas o histórico dos últimos 10 anos indica claramente que essa quantidade deverá ficar, novamente, aquém da realidade – avalia o secretário executivo da AIPC, Walter Tegani, em comunicado.
Ele afirma ainda que se reuniu recentemente com representantes do IBGE para entender a metodologia aplicada para o cálculo da safra, mas apesar dos esforços e da boa disposição do instituto, ainda não foi possível encontrar uma resposta.
O secretário executivo da AIPC acredita também que o Brasil precisa encontrar alternativas de escoamento para o excesso de produção de cacau, principalmente quando o país ultrapassar a autossuficiência, o que ainda não aconteceu. Segundo ele, a associação não é contra as exportações, mas, quando o mercado brasileiro estiver reaquecido, deve absorver toda a produção.