Baixa qualidade do algodão limita negócios no Brasil, indica Cepea

Disparidade entre preços de compra e venda também desacelera mercadoIndústrias consultadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) estão no mercado com o objetivo de repor seus estoques, o que tem elevado a liquidez no mercado de algodão. Segundo pesquisadores do Cepea, os negócios, no entanto, não chegam a envolver quantidades expressivas.

A principal dificuldade ainda está na obtenção de lotes com a qualidade requerida. Boa parte da pluma tem qualidade considerada abaixo da média. Além disso, a disparidade entre os preços de compra e de venda é outro fator que dificulta o fechamento de negócios.

Entre 17 e 24 de janeiro, o Indicador Cepea/ESALQ, com pagamento em oito dias, subiu 0,22%, fechando a terça, dia 24, a R$ 1,7399 a libra-peso. No mês, o indicador acumula alta de 5,74%.

– De julho a dezembro de 2011 o Brasil exportou 708,2 mil toneladas de algodão. Isso significa que todo o algodão fino do País foi exportado e existe uma carência muito grande dessa pluma -, destacou Pedro Faus, da Lefévre Corretora. Ele lembra que o beneficiamento da safra 2010/11 ainda está ocorrendo, mas a qualidade da pluma sofre com a chuva e a lama, perdendo a cor e a resistência.

Assim, aumenta a oferta pelo produto de baixa qualidade, que chega a ser cotado de 600 a 700 pontos abaixo do índice Esalq, segundo Faus. Entretanto, a demanda para esse tipo é muito restrita. A oferta só deve aumentar a partir de maio, quando começa a entrar no mercado a safra nova de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, ganhando força a partir de junho com o produto da Bahia e principalmente julho, quando Mato Grosso começa a beneficiar.

Nesta semana, a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) ajustou a estimativa para a área total de plantio da temporada 2011/12 no Estado para 733 mil hectares, ante 768,9 mil ha na previsão anterior. Com isso, a safra de algodão em pluma do principal Estado produtor foi reduzida de 1,07 milhão de toneladas para 1,01 milhão de t, 8,4% a mais do que na temporada anterior, informou há pouco o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) em seu relatório semanal.

– Um ano atrás os produtores aumentaram muito a área plantada devido principalmente aos preços. Já este ano as cotações no mercado internacional não estão tão boas. E como a relação estoque/uso mundial está muito alta, em 53%, o cenário é baixista pois está será um ano em que haverá muito algodão no mundo -, disse Dhiego Silva, da FCStone.