O consumo médio, no período 2005/2006 a 2009/2010, está em torno de 3,5 milhões de toneladas, e as importações na ordem de 133,3 mil toneladas anuais, onde a maior parte é de feijão-preto, e de origem Argentina e mais recentemente da China, onde o valor pago pelo produto fica em torno do brasileiro. Cabe ressaltar que para a temporada que se inicia, a China, a exemplo do Brasil e Argentina, deverá aumentar a produção de soja e milho e, para isso, terá que usar parte de áreas que eram destinadas ao feijão.
As colheitas da terceira safra, mais as importações, complementarão o abastecimento interno até o mês de outubro. O mercado está valorizando os produtos recém colhidos de áreas irrigadas que apresentam qualidade superior para o produto comum cores. A partir do mês de novembro começará a entrar no mercado, de forma ainda incipiente, a produção oriunda do Sul do país e da região sudoeste de São Paulo.
A safra de feijão da temporada 2010/2011, deverá registrar um aumento de 12,5% na produção em relação à safra 2009/10, passando de 3.322,5 mil toneladas para 3.736,8 mil toneladas, ou 414,3 mil toneladas a mais. Tal quantitativo manteve o mercado superofertado, influindo negativamente nos preços.
De janeiro a abril, as cotações, aos produtores, situaram-se para valores abaixo do mínimo oficial. A partir de meados de maio, mesmo com a concentração da colheita da segunda safra em todo o país, observou-se uma oferta mais restrita, principalmente de carioca nota oito para cima, o que, aliada à boa demanda dos compradores manteve o mercado firme.
No entanto, apenas os produtos nota oito para cima apresentaram alta, os lotes de feijão comercial nota sete e semi-novo, mais escuros, permaneceram com os preços estáveis, apesar da pouca oferta, por serem facilmente encontrados com abundância, tanto no atacado paulista como nas regiões produtoras.
Os estoques públicos de feijão tradicionalmente são muito baixos e em razão da intervenção governamental nesses dois últimos anos, em função dos baixos preços de mercado, situando-se abaixo do mínimo oficial, os quantitativos adquiridos e armazenados se constituíram nos maiores, se comparados aos últimos seis anos. Porém, no caso do feijão, a aquisição não é desejável devido a enorme dificuldade na destinação do produto que, com poucos meses de estocagem, escurece e do ponto de vista comercial perde drasticamente o seu valor de mercado, onerando, significativamente, os cofres públicos.
Queda dos preços
A longa trajetória de queda dos preços coincidiu com o período de plantio da primeira safra 2011/2012, desestimulando grande número de produtores que optaram por outros cultivos. Assim, se não ocorrer problemas de ordem climática, o mercado deverá operar com uma menor oferta do produto, o que vai contribuir para uma melhoria dos preços a partir do mês de setembro. Entretanto, como de hábito, a partir de dezembro ocorre uma expressiva queda no consumo.
Desta forma, o comportamento dos preços ficará sujeita à demanda varejista. Com relação à primeira safra, já foi feita a primeira intenção de plantio pelos técnicos da Secretaria de Agricultura do Estado do Paraná – Deral.
No Estado, maior produtor nacional, a área está estimada em 303,5 mil hectares, contra 345,2 mil hectares cultivados em 2010/2011, ou seja, menos 12%. Esse decréscimo é explicado pela falta de confiança dos produtores quanto ao comportamento dos preços de mercado, com a possibilidade de migração para outras culturas, caso da soja e do milho, que vêm apresentando melhores cotações no mercado, tornando o feijão menos atraente aos produtores de grãos. Como o período para o plantio do feijão se estende até meados de dezembro, essa queda tende a ser ainda maior, devido a elevada queda na venda dos insumos.
Quanto à segunda safra, a decisão para o plantio coincide com o período de colheita da safra das águas (dezembro a fevereiro). Nessa ocasião, normalmente ocorre um baixo consumo da leguminosa, em função das festividades de final de ano e férias escolares. Portanto, se a safra transcorrer sem contratempos, e os preços estiverem deprimidos, serão fatores de desestímulo ao plantio.
Já para a terceira e última safra, cultivada a partir de maio, torna-se prematuro qualquer prognóstico. Contudo, a situação de uma menor produção nas safras anteriores poderá influir positivamente nos preços e incentivar os produtores a incrementar o plantio.
A nível nacional, a safra 2011/2012 fica estimada em 3.541,5 mil toneladas, numa área de 3.799,5 mil hectares, contra, respectivamente, 3.879,8 mil hectares e 3.736,8 mil toneladas em 2010/2011, volume inferior apenas a essa última safra que foi a maior da história. Tal situação está condicionada às condições climáticas extremamente favoráveis, o que dificilmente ocorre numa temporada de feijão por ser uma cultura considerada de alto risco.
A situação de uma menor produção poderá contribuir para a estabilidade dos preços ao produtor, e não deverá trazer consequências danosas ao abastecimento interno, tendo em vista a diminuição do consumo da leguminosa.