Minc, que na mesma ocasião disse que os ruralistas “encolheram o rabinho de capeta” para enganar os pequenos agricultores pediu desculpas aos parlamentares e retirou as expressões que classificou como “inadequadas e descabidas”.
O ministro aproveitou a audiência para demonstrar disposição de retomar o diálogo com o setor agropecuário sobre o código florestal. Ele sinalizou que aceita o pedido dos produtores para manter o plantio nas áreas consolidadas do Centro-Sul do país. Mas a tentativa de reaproximação do ministro, não impediu manifestações indignadas de deputados ruralistas.
? Esses vigaristas, ministro, foram os que deram mais de 40% dos bilhões de dólares das reservas internacionais ? observou o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS).
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) disse que Minc criou a divergência com os produtores rurais para desviar a atenção da falta de ações do Ministério do Meio Ambiente.
? Ele tem que satanizar alguém para esconder a incompetência do Ministério. Ele é um ministro que não tem proposta para reconciliação com o meio rural, que não tem como explicar Angra 2 e Angra 3, não tem como explicar a contaminação de mananciais e por isso tem que penalizar alguém e esse alguém é o produtor rural ? defendeu o deputado.
Caiado disse que Minc não pode tratar a legislação ambiental de forma seletiva para punir mais severamente os grandes produtores.
? Ele é um professor de maniqueísmo. Só vê o preto e o branco. Ele é o bem e o produtor rural é o mal ? acrescentou.
O deputado Giovanni Queiróz (PDT-PA) disse que Minc envergonha o país e que os ruralistas só seriam devidamente retratados pelas declarações do ministro se o presidente Lula o afastasse do cargo.
? Que vergonha o país ter um ministro que diz o que não pensa. O verdadeiro vigarista é o que tapeia, engana e fala demais. O senhor deveria sair daqui e pedir demissão ? afirmou Queiróz.
Também exaltado, o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) afirmou que para Minc “tudo é válido, desde que ele apareça na mídia”. O deputado também lembrou a participação do ministro na marcha da maconha.
? Nós defendemos a erva do bem. Já o senhor participa de manifestações defendendo a erva do mal ? emendou o deputado Moreira Mendes (PPS-RO), ao oferecer ao ministro um pacote de erva mate produzida no Rio Grande do Sul.
Caiado também fez referências à participação de Minc no evento ao questionar o ministro se ele se sentiria confortável se os produtores dissessem que defendem a produção de arroz, grãos, milho, leite e carne “enquanto vossa excelência defende a produção de cocaína e maconha”.
? Refuto essas agressões de forma direta e solene. Não correspondem à verdade ? rebateu Minc ao comentar que sempre combateu o crime organizado e que defende o tratamento de usuários e dependentes de drogas como uma questão de saúde e não de polícia.
Depois de cinco horas de audiência, Minc disse que saiu tranquilo da reunião e que, apesar do pedido de desculpas, não mudou suas concepções e posições sobre a agricultura empresarial.
? Continuo tendo críticas ao grande latifúndio da monocultura e dos agrotóxicos ? finalizou o ministro Carlos Minc.