O superintendente executivo de Agronegócios do Santander, Carlos Aguiar, sugeriu nesta segunda, dia 25, que o produtor agropecuário seja mais conservador e amplie o uso de capital próprio para o financiamento. Segundo Aguiar, como as margens dos últimos cinco anos foram altas para a maioria dos produtores, a opção de eles mesmos bancarem parte maior da safra é uma saída contra os juros altos.
“Hoje as taxas livres começam com juros da Selic de 14,25% ao ano, que é um patamar elevado. Mas, tirando pequenos problemas localizados, as margens do setor foram muito boas e uma maneira de combater juros altos é colocar mais capital próprio, ser mais conservador”, afirmou Aguiar durante a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP).
O executivo avalia que o agronegócio é o único setor da economia brasileira que ainda cresce e que seguirá com dados positivos este ano. A instituição financeira espera um crescimento setorial este ano superior ao 1,8% de aumento ocorrido em 2015 sobre 2014. No entanto, o mercado de máquinas agrícolas deve seguir em queda, com recuo de 20% a 30% estimado em 2016 sobre 2015, ano em que já havia sido observada queda de 20% a 40%, dependendo do tamanho dos equipamentos. “A queda no mercado de máquinas ocorre por receio do desempenho da economia e ainda pela compra antecipada, já que em 2013 e 2014 os juros eram muito mais favoráveis e nunca se vendeu tanto”, disse.
Durante a Agrishow, que segue até sexta, dia 29, o Santander espera captar propostas de financiamento superiores aos R$ 460 milhões de 2015, mas ainda abaixo da média de R$ 700 milhões de 2013 e 2014. Para a feira, o banco disponibilizou R$ 850 milhões em crédito pré-aprovado aos clientes.
O Santander tem uma carteira de R$ 38 bilhões no agronegócio, R$ 33 bilhões a juros livres com uma média de 20% a 25% de juros ao ano e o restante com juros subsidiados dentro dos programas de crédito agrícola do governo federal. O setor representa de 5% a 6% de participação na carteira total do financiamento do Santander no Brasil, mas a expectativa do executivo é que essa fatia chegue a 10%.
Aguiar avaliou ainda que os juros subsidiados, em torno de 7,5% ao ano, devem subir no Plano Agrícola e Pecuário 2016/2017, a ser lançado até meados de junho. No entanto, a expectativa do executivo é de que a crise econômica possa limitar esse avanço nas taxas. “Com recessão e inflação alta, espero que não cresça; mas isso ainda é uma incógnita”, concluiu.