Banco Central oferecerá linha de crédito para exportadores com dólares das reservas

Instituição comprará títulos de bancos privados no exterior e pagará às instituições com a moeda norte-americanaO presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, anunciou nesta segunda, dia 6, que a instituição oferecerá linha de crédito com os dólares das reservas internacionais para financiar as exportações. Segundo Meirelles, o BC comprará títulos de bancos privados no exterior e pagará às instituições com a moeda norte-americana. Depois de um prazo, a autoridade monetária devolverá os títulos aos bancos, que reembolsarão os dólares que receberam.

Meirelles esclareceu que a operação, na prática, funcionará como um empréstimo e não consumirá as reservas internacionais brasileiras, atualmente em US$ 207 bilhões. Isso porque os dólares das reservas serão devolvidos posteriormente.

? Esse é um uso inteligente das nossas reservas ? afirmou.

O presidente do BC não forneceu detalhes sobre as linhas de crédito, como o prazo dos contratos e o volume de moeda norte-americana a ser ofertado. No entanto, Meirelles ressaltou que a instituição tem US$ 23 bilhões disponíveis para atuar no mercado futuro.

A sistemática é a mesma dos US$ 2,5 bilhões leiloados pelo Banco Central desde o agravamento da crise internacional. Nas últimas duas semanas, o BC vendeu US$ 1 bilhão, com a recompra futura contratada.

Ao jogar dólares no mercado, o BC fica com a contrapartida depositada em reais, mas recebe de volta a moeda norte-americana numa etapa seguinte.

? Na realidade, o que ocorre é uma troca de ativos, que permite manter o patamar de reservas e irrigar o sistema de comércio exterior ? explicou o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

No leilão de US$ 1,5 bilhão de swap cambial, realizado nesta segunda pela primeira vez desde maio de 2006, o processo foi semelhante. Na operação, que funciona como uma venda de dólares no mercado futuro e pressiona para baixo a cotação da moeda norte-americana, o Banco Central aposta na alta do dólar e os investidores, na alta dos juros.

No vencimento do contrato, as duas partes trocam de rendimentos e, na prática, o BC assume o prejuízo da subida do dólar. Como a operação é feita com recursos do próprio Banco Central, sem interferir no volume das reservas internacionais.

Meirelles assegurou ainda que o BC está preparado para tomar medidas adicionais.

? Temos mais de US$ 200 bilhões em reservas internacionais, mais de US$ 20 bilhões no mercado futuro, além de R$ 200 bilhões em depósitos compulsórios ? ressaltou.

Na avaliação do presidente do Banco Central, esses recursos só foram possíveis por causa da atuação da instituição no mercado futuro.

? Essas operações foram muitos criticadas em alguns momentos, mas são importantes quando o país precisa de recursos, como agora ? ressaltou.