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Barragem do Valo Grande, em SP, deve entrar em fase conclusiva no segundo semestre

Até agora foram concluídos 58% da restauração das estruturas da barragem, erguida na década de 90A última etapa da Barragem do Valo Grande, em São Paulo, deve começar no segundo semestre deste ano, segundo previsão do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) do governo de São Paulo. Para a conclusão das obras, com a instalação das comportas, devem ser feitos estudos de topografia, qualidade da água e avaliação ambiental da região. O custo estimado para essa fase da obra é de R$ 37,6 milhões.

Segundo o Daee, até agora foram concluídos 58% da restauração das estruturas da barragem, erguida na década de 90. A previsão é que os trabalhos iniciados há cerca de oito meses e que custaram R$ 8,6 milhões sejam encerrados em abril.

Sobre a avaliação dos impactos ambientais e sociais da obra, o órgão respondeu que a represa pretende reduzir os efeitos das inundações nas várzeas do Rio Ribeira de Iguape.

? E, ao mesmo tempo, visa a preservação ambiental da Região Estuarino-Lagunar do Mar Pequeno, à jusante da obra, com benefícios socioeconômico e ambientais aos territórios abrangidos pelos municípios de Iguape, Ilha Comprida e Cananeia.

O Daee garantiu que seguirá as recomendações do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) e buscará as licenças de instalação e operação no órgãos competentes.

A represa deverá corrigir a infiltração de água doce que acabou com boa parte dos manguezais de Iguape. O problema ocorreu devido ao alargamento, ao longo de cerca de 150 anos, do Valo Grande. O canal foi construído com 4,4 metros de largura, como atalho do Rio Ribeira para o transporte de arroz para o Porto de Iguape. Atualmente a passagem tem cerca de 200 metros.

A primeira tentativa de fechar o valo ocorreu em 1978 e durou até 1983, quando o canal foi reaberto. Durante esse período, os manguezais foram capazes de se recuperar e espécies que haviam desaparecido da região voltaram a viver no estuário da cidade, como lembra o funcionário público aposentado Moisés de Andrade.

? Quando fecharam tinha ostra, marisco e camarão ? recorda.

Entretanto, as enchentes acima da represa acabaram por pressionar pela reabertura do valo.

? Inundou para lá. Teve que abrir para a água passar ? diz o aposentado, apontando para além da barragem

Represa pode impulsionar a economia da região

Uma das maiores expectativas em relação à Barragem do Valo Grande é que a obra impulsione economicamente a cidade de Iguape. Com o barramento do fluxo proveniente do rio, a região retomará parte das características originais e poderá abrigar culturas de valor comercial, como ostras, camarões e mexilhões.

O diretor da Divisão de Meio Ambiente da prefeitura de Iguape, André Gimenez, lembra que em Cananeia, outro município da região, existem diversas atividades econômicas que giram em torno dos manguezais.

? Lá, com a salinidade alta, há o cultivo de ostras e outras atividades ? destaca.

Entre os setores que também se beneficiariam está o turismo. Wagner Yoshimi tem uma pousada que recebe pescadores esportivos – até 300 pessoas em semana de “lua boa”.

? Nessa rua tem outras sete pousadas do mesmo ramo ? ressalta. Segundo o empresário, a atividade atrai turistas com alto poder aquisitivo.

A atividade ganharia fôlego com o aumento da diversidade de espécies no estuário de Iguape. Mas, de acordo com Yoshimi, as incertezas em relação à construção da barragem inibem investimentos.

? Você acaba deixando de investir porque vai empatar o dinheiro em uma coisa que não sabe se vai para a frente.

O empresário afirma que apesar de ter procurado os órgãos responsáveis pela obra, não conseguiu saber se o Valo Grande será mesmo fechado e qual é a previsão de conclusão do projeto. Outra questão que precisa ser resolvida é a gestão das comportas.

André Gimenez explica que é preciso saber os critérios que serão usados para determinar a abertura da represa em caso de cheia do Ribeira. Após o estabelecimento de culturas que necessitam de água salgada, uma grande entrada de água doce poderia provocar a morte desses animais.

? Na situação de abertura, se ela durar mais de três ou quatro dias, a gente vai ter uma perda muito grande ? alerta.

O fechamento das comportas deve ocorrer gradualmente, na opinião do analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Eliel Pereira de Souza. Segundo ele, é preciso avaliar aos poucos os efeitos da diminuição da água doce no ecossistema.

? Se você fechar toda a água doce, você vai ter um choque de água salgada. Você tem toda uma estrutura de comunidade biológica que foi se estabelecendo com a água doce ? ponderou.

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